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A fertilidade é uma questão importante para as mulheres de formas diferentes nas diversas fases da vida, especialmente porque, com o passar do tempo, a capacidade reprodutiva feminina diminui naturalmente. Isso pode ser um fator importante a ser considerado por mulheres que desejam ter filhos no futuro.
A menarca é o primeiro ciclo menstrual na vida de uma mulher, que ocorre geralmente entre até os 15 anos de idade e marca o início da puberdade feminina, indicando que a mulher pode ter filhos. Por outro lado, a menopausa é como chamamos o último ciclo menstrual, por volta da 5ª década de vida, quando a mulher deixa de menstruar e de ser fértil.
Continue lendo para saber mais sobre a menarca e sua importância para a fertilidade.
Como comentamos, a menarca é o primeiro ciclo menstrual na vida de uma mulher, marcando o início da sua capacidade reprodutiva. A palavra “menarca” vem do grego “men” (mês) e “arkhé” (começo), ou seja, o começo dos ciclos menstruais. Esse evento é importante na vida feminina, não só por indicar o início da capacidade reprodutiva, mas também por representar o início de uma nova fase na vida da mulher.
A menarca é resultado de uma série de mudanças hormonais que ocorrem no corpo da mulher, iniciadas pela ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-ovariano. Nesse processo, ocorre a produção GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), que estimula a hipófise a produzir as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante).
Esses hormônios, por sua vez, estimulam os ovários a produzirem estrogênio e progesterona, que são responsáveis pelas mudanças no corpo da mulher na puberdade, como o desenvolvimento dos seios, crescimento dos pelos pubianos e axilares, além da maturação dos óvulos.
Além disso, a menarca também está relacionada com o consumo da reserva ovariana. Durante a puberdade, os ovários retomam o processo de amadurecimento dos folículos, iniciado antes do nascimento da mulher, que culmina na liberação de um óvulo por ciclo menstrual (ovulação).
Com o tempo, esse processo naturalmente leva à diminuição da reserva ovariana e, consequentemente, à diminuição da fertilidade feminina.
A reserva ovariana refere-se ao número de óvulos que uma mulher tem armazenados nos seus ovários, em um determinado momento da vida.
Essa reserva começa a ser formada ainda durante o período embrionário, quando as células germinativas primordiais migram para a região que dará origem aos ovários. Durante a vida fetal, essas células se multiplicam e se transformam em folículos primordiais, que contêm um óvulo cada, estacionado em um determinado estágio de desenvolvimento.
A partir do nascimento, mas principalmente com a menarca, a quantidade de folículos primordiais começa a diminuir de forma natural, sendo consumida principalmente pelos processos da ovulação e para a produção de estrogênios e progesterona – até que a mulher chegue à menopausa e a reserva ovariana se esgote.
Um dos principais aspectos da menarca é a repetição dos ciclos menstruais, ou seja, quando a mulher começa a ovular e menstruar regularmente. O ciclo menstrual é dividido em três fases: a fase folicular, a ovulatória e a lútea.
Na fase folicular, ocorre o desenvolvimento de uma quantidade de folículos ovarianos, que contêm os óvulos imaturos. Durante essa fase, há aumento da produção de FSH, que recruta esses folículos e estimula seu crescimento.
À medida que os folículos crescem, ocorre aumento na produção de estrogênios, pela interação do FSH e do LH com as células foliculares. Os estrogênios dessa fase têm papel fundamental na preparação do útero para a gestação.
Na fase ovulatória, ocorre a ruptura do folículo dominante – único entre os recrutados que participa efetivamente da ovulação – e a liberação do óvulo, que é captado pelas tubas uterinas, onde pode ocorrer a fecundação.
Na fase lútea, o folículo que se rompeu durante a ovulação se transforma em corpo lúteo, que produz progesterona, cuja função é finalizar o preparo do útero para favorecer a implantação de um possível embrião. Caso a fecundação não ocorra, o corpo lúteo se degenera e alguns dias depois o endométrio descama, sendo expelido como sangue menstrual (menstruação).
Todo esse processo consome a reserva ovariana lentamente, uma vez que a cada ciclo menstrual uma grande quantidade de folículos, além do folículo dominante, é utilizada para a produção de estrogênios – diminuindo a fertilidade da mulher, que chega ao fim com a menopausa.
A menarca precoce, definida como a primeira menstruação antes dos 11 anos, pode estar relacionada a um maior risco de desenvolvimento de doenças estrogênio-dependentes, como a endometriose ovariana, que pode levar à diminuição da reserva ovariana devido à formação de endometriomas nos ovários.
Além disso, a SOP (síndrome dos ovários policísticos), uma das principais causas de infertilidade feminina, também tem sido associada a uma menarca precoce, embora seja caracterizada pela presença de múltiplos cistos nos ovários, que podem afetar negativamente a ovulação e reduzir a fertilidade.
Embora o tratamento para ambas as condições dependa da gravidade dos sintomas e dos objetivos reprodutivos da mulher, existem opções de tratamento farmacológico para regular os ciclos menstruais e controlar os sintomas dolorosos, além de cirurgias para remoção de endometriomas e técnicas de reprodução assistida, que também podem ser consideradas.
O procedimento mais indicado para casos de SOP é a estimulação ovariana, associada às técnicas RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro) – indicadas de acordo com as especificidades de cada casal.
Já para mulheres com endometriose ovariana, a FIV pode ser uma opção mais eficaz, visto que essa doença pode afetar a qualidade dos óvulos e, por ser frequentemente concomitante com outros tipos de endometriose, também oferece risco à permeabilidade das tubas uterinas.
Caso você queira saber mais sobre infertilidade feminina, confira neste link nosso artigo mais completo sobre o tema.
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