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A endometriose é descrita como uma doença crônica e estrogênio-dependente, portanto se manifesta durante a vida fértil da mulher, da primeira à última menstruação. Depois da menopausa, a tendência é que a doença diminua, já que os ovários deixam de produzir o estrogênio.
Na endometriose, o tecido endometrial cresce fora da cavidade uterina, em outras partes do corpo, principalmente da região pélvica, como ovários e tubas uterinas, podendo causar uma série de problemas de saúde à mulher, inclusive infertilidade, uma vez que desordens no aparelho reprodutor podem dificultar o processo de concepção ou de desenvolvimento da gestação.
A endometriose é uma das doenças mais comuns do sistema reprodutor feminino. Afeta em torno de 10% da população feminina em geral e está presente em cerca de 50% das mulheres com diagnóstico de infertilidade. Esses dados mostram por que a doença é ainda objeto de muitas pesquisas importantes ao redor do mundo.
Devido às suas diversas formas de manifestação, a endometriose é, de modo geral, uma doença de difícil diagnóstico.
Não existem evidências suficientes para que as causas da endometriose sejam definitivamente estabelecidas, mas a teoria do refluxo menstrual, descrita por John Albertson Sampson no início do século XX, é a mais aceita.
Durante o ciclo menstrual, o endométrio passa por uma preparação para receber o possível embrião formado da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Essa preparação faz com que o tecido endometrial se torne mais espesso, facilitando a fixação do embrião. Caso, no entanto, a fecundação não ocorra, o endométrio precisa voltar a seu estado original, o que provoca uma descamação. Com isso, a mulher menstrua.
O sangue eliminado na menstruação sai do útero e desce para o canal vaginal, por onde é eliminado. Na endometriose, esse sangue não é totalmente eliminado e retorna para outros órgãos da pelve, dando início à doença. Embora esse fluxo retrógrado aconteça com quase todas as mulheres, algumas desenvolverão a doença e outras, não.
Atualmente, a doença é classificada de acordo com seus aspectos morfológicos, que revelam a forma como ela afeta os órgãos em que está instalada. Ela pode ser: superficial ou peritoneal, ovariana ou profunda.
O peritônio é a membrana serosa que recobre as paredes abdominais e a superfície dos órgãos pélvicos e abdominais.
A endometriose superficial ou peritoneal é diagnosticada quando são encontrados implantes do tecido endometrial de até 5 mm de profundidade no peritônio. Esses implantes se apresentam com diferentes formas e cores (pretas, vermelhas e brancas), de acordo com o tempo de existência da doença, ou seja, são características importantes para o diagnóstico e tratamento.
A endometriose ovariana (endometrioma) se instala no interior de um ou dos dois ovários e se caracteriza pela formação de cistos cujo interior é preenchido por um líquido achocolatado. Grande parte dos casos de endometriomas vem acompanhado de aderências com órgãos próximos.
A endometriose profunda é diagnosticada quando são encontrados implantes do tecido endometrial com mais de 5 mm de profundidade no peritônio e em outros órgãos, como intestinos, ureteres, bexiga, reto, ligamentos uterinos, entre outros.
Esse é o estágio mais grave da doença e pode causar muitos transtornos de saúde, inclusive infertilidade.
De modo geral, o diagnóstico da endometriose é feito após investigação profunda da doença. O médico primeiro investiga o histórico clínico da paciente, assim como os sintomas que ela pode estar sentindo. Os mais comuns são:
Depois, o médico faz o exame ginecológico, que pode revelar indícios da doença, pois é possível avaliar diversos órgãos do sistema reprodutor feminino.
No entanto, são exames de imagem, como ultrassom, ressonância magnética e também a laparoscopia, que conseguem dar um diagnóstico mais preciso da doença e de seu estágio.
Com base nos resultados dos exames o médico indica a melhor forma de tratamento.
Existem duas formas de tratar ou controlar o avanço e os sintomas da doença: medicamentos ou cirurgia, que pode ser mais ou menos radical, dependendo das condições da doença.
Por ser uma doença estrogênio-dependente, uma opção são medicamentos que bloqueiam a menstruação. Em muitos casos, a doença regride com esse tipo de medicação. No entanto, se a mulher quiser engravidar, devem ser estudadas outras possibilidades.
Já a laparoscopia é indicada para um tratamento mais efetivo, com objetivo de cura e não apenas controle dos sintomas. Embora seja uma cirurgia minimamente invasiva, ela consegue drenar cistos e retirar suas cápsulas além de ressecar os implantes de endometriose em vários órgãos pélvicos e abdominais. A laparoscopia é uma cirurgia revolucionária que permitiu um diagnóstico e tratamento mais preciso da endometriose.
Pesquisas têm sido feitas para identificar os fatores que podem interferir no surgimento e desenvolvimento da doença.
Por diversas razões a endometriose pode afetar a fertilidade da mulher e, consequentemente, a do casal. Dependendo da gravidade da doença e do comprometimento dos órgãos do sistema reprodutor feminino, a mulher não consegue gerar um filho e precisa se submeter a técnicas de reprodução assistida. A endometriose é uma doença complexa que pode provocar problemas em todas as etapas da concepção e da gestação.
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