5758
A infertilidade feminina corresponde a 30% do total de casos de infertilidade. Pode ser causada por diversos fatores, mas principalmente pela idade, por doenças do sistema reprodutor, cirurgia de ligadura das tubas uterinas, distúrbios hormonais e determinados hábitos de vida, como tabagismo e consumo de bebidas alcóolicas. Essas condições podem reduzir significativamente as chances de gravidez. Em alguns casos, é possível reverter o quadro de infertilidade, mas em outros casos a única possibilidade é a reprodução assistida.
A gravidez é um processo complexo. Cada uma das etapas deve acontecer corretamente para que a mulher possa ficar grávida. Qualquer distúrbio pode representar o insucesso da gestação.
O sistema reprodutor feminino é formado, principalmente, pelos seguintes órgãos: vagina, útero (colo e corpo do útero), tubas uterinas e ovários. Todos esses órgãos precisam estar saudáveis e em adequado funcionamento para que haja a concepção.
Todo o processo começa com a produção e liberação dos hormônios FSH e LH, ambos produzidos pela hipófise com a função de regular a menstruação e, em especial, a ovulação. Eles agem nos ovários, estimulando o recrutamento de diversos folículos com os óvulos ainda imaturos em seu interior. Os folículos são estruturas císticas presentes nos ovários, dentro das quais os óvulos se desenvolvem. Embora muitos folículos sejam recrutados a crescer no início do ciclo menstrual, apenas um será o folículo dominante e irá liberar um óvulo maduro naquele ciclo, correspondendo à ovulação. Uma das tubas uterinas capta o óvulo para ser fecundado pelo espermatozoide, ainda na tuba. O espermatozoide passa por uma série de obstáculos até chegar ao óvulo, iniciando pelo muco cervical, que, durante a ovulação, torna-se mais fluido para auxiliar o espermatozoide em seu percurso.
A fecundação então dá origem ao embrião, que permanece na tuba por alguns dias até alcançar o útero. Quando o embrião chega ao útero, a camada interna do órgão, chamada endométrio, está pronta para recebê-lo e dar início à gestação. Esse processo de adesão do embrião ao endométrio é chamado implantação ou nidação e é fundamental para o correto desenvolvimento da gravidez.
Qualquer problema que afete continuamente qualquer etapa desse processo, como certas doenças, pode provocar infertilidade e impedir a gravidez.
Diversos são os fatores que podem levar a mulher à infertilidade. Alguns são mais fáceis de identificar, outros mais difíceis, somente mediante a realização de exames.
A idade é o fator mais evidente de infertilidade feminina. A mulher nasce com todos os seus óvulos; não produz novos óvulos ao longo de sua vida. Dessa forma, essas células sofrem a ação do tempo e diminuem em quantidade e qualidade com o passar dos anos. A partir dos 35 anos, a queda da fertilidade é mais evidente e a cada ano acima dos 35 se torna mais difícil engravidar, embora seja possível.
Nesses casos, as técnicas de reprodução assistida, como a relação sexual programada, a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV) podem ser indicadas.
Quando a mulher tem planos de engravidar com mais idade, recomenda-se que ela congele seus óvulos mais jovem. Isso eleva significativamente as chances de concepção.
A mulher também pode se tornar infértil devido a algumas doenças que afetam o sistema reprodutor, como endometriose, adenomiose, síndrome dos ovários policísticos, infecções sexualmente transmissíveis (IST) e miomas, ou em virtude de cirurgia de ligadura das tubas uterinas, técnica que muitas mulheres buscam quando não querem mais ter filhos. Distúrbios hormonais também são responsáveis por casos de infertilidade.
A endometriose é uma das doenças que mais causam infertilidade, pois ela pode atingir múltiplos órgãos, não só da pelve – tubas, ovários, bexiga, intestinos –, como de regiões próximas. Dependendo da gravidade da doença, ela compromete as estruturas de forma irreversível e a mulher perde sua capacidade reprodutiva. Ela se caracteriza pelo crescimento de células endometriais fora do útero, acometendo esses órgãos da pelve, principalmente.
A adenomiose acontece quando o tecido endometrial (camada interna do útero) atinge o miométrio, camada intermediária muscular do útero, infiltrando-o.
A síndrome dos ovários policísticos inclui algumas alterações hormonais que afetam os ovários e prejudicam a ovulação, podendo levar ao quadro de anovulação, quando a mulher deixa de ovular.
As IST (infecções sexualmente transmissíveis) podem atingir diversos órgãos do sistema reprodutor feminino e causar a infertilidade. Cada caso precisa ser avaliado individualmente.
Os miomas são nódulos benignos da parede muscular do útero bastante comuns, mas nem sempre causam infertilidade, dependendo de seus tamanhos e localizações. Há casos em que é possível apenas controlar os sintomas. Por serem estrogênio-dependentes, surgem durante a fase fértil da vida da mulher, sendo muito incomuns antes da primeira menstruação e depois da menopausa.
Compartilhe:
Último Post: