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A infertilidade, com o passar do tempo, se tornou um assunto importante na sociedade e hoje é considerada uma doença e um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em razão dessa crescente preocupação, o Conselho Federal de Medicina (CFM), em novembro de 2017, publicou uma nova resolução sobre as normas éticas para a utilização de técnicas de reprodução assistida, entre elas a ovodoação, uma vez que as técnicas de reprodução assistida ampliam as possibilidades de planejamento familiar e podem minimizar os impactos da infertilidade na sociedade.
Hoje, as técnicas de reprodução assistida, portanto, podem ser utilizadas em diversos contextos, inclusive para a preservação social e/ou oncológica. Isso significa que os gametas e embriões podem ser congelados pensando em uma futura gravidez, seja pelo motivo que for. Mulheres têm cada vez mais adiado a gravidez por motivos profissionais, mas o corpo feminino diminui sua capacidade reprodutiva principalmente após os 35 anos e perde completamente essa capacidade após a menopausa. Por isso, muitas mulheres têm procurado preservar seus óvulos em idade jovem para conseguir a gravidez mais tarde. A preservação oncológica está relacionada ao problema dos tratamentos contra o câncer, que geralmente provocam a infertilidade. Ao paciente que passará por quimio ou radioterapia é oferecida a possibilidade de criopreservar seus gametas para utilização futura. Os gametas ou embriões congelados também podem ser doados a casais inférteis que buscam técnicas de reprodução assistida para realizar o sonho da maternidade/paternidade.
A ovodoação só pode ser realizada para casais que precisam da técnica de fertilização in vitro (FIV), pois a fecundação deve ser feita em laboratório. Geralmente, o óvulo é doado e o espermatozoide utilizado é do parceiro, embora o gameta masculino também possa ser oriundo de doação.
A ovodoação, em muitos casos, é procurada por mulheres com diagnóstico de baixa reserva ovariana ou falência ovariana.
O CFM determina regras para a ovodoação. Seguem algumas delas:
A ovodoação voluntária foi permitida na última resolução do CFM.
De modo geral, a ovodoação é indicada para mulheres com falência ovariana e mulheres que têm óvulos de baixa qualidade, condições que dificultam bastante a gestação com óvulos próprios.
O primeiro passo da ovodoação é a avaliação da doadora, que precisa ser saudável e realizar exames que detectam doenças que possam prejudicar o desenvolvimento do embrião.
Se a mulher cumprir os requisitos, ela segue para o início do procedimento. Ela se submete à estimulação ovariana e indução da ovulação, para que um número maior de óvulos possa ser coletado. A estimulação ovariana é feita com a administração do FSH (hormônio folículo-estimulante) por alguns dias para que os folículos cresçam e amadureçam. Esse desenvolvimento dos folículos é acompanhado por ultrassonografias em série e exames de dosagens hormonais, até que eles atinjam o tamanho ideal, quando é administrado outro hormônio, o hCG, que induz a liberação dos óvulos.
Cerca de 35 horas depois é feita a punção dos folículos com captação dos óvulos, que são criopreservados para futura utilização ou fecundados a fresco em laboratório para uso em FIV.
A ovodoação é utilizada necessariamente em processos de FIV e a taxa de sucesso de gravidez com a utilização de óvulos doados é similar à da própria FIV em mulheres abaixo de 35 anos, variando de 40 a 60%, dependendo das condições do casal.
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