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Depois que ocorre a fecundação natural nas tubas uterinas, o embrião se desloca até a cavidade uterina e se fixa no endométrio, onde se desenvolve ao longo da gestação até o seu nascimento. Durante essa trajetória, ele passa por algumas fases, sendo uma delas a de blastocisto, que corresponde ao período entre o 5o e o 7o dia de desenvolvimento embrionário, quando surge uma cavidade no interior do embrião chamada blastocele.
Essa fase é importante porque, na maioria das vezes, é durante esse período que o embrião chega ao útero e se fixa no endométrio, dando início à gravidez.
O termo transferência de blastocisto é utilizado no contexto da fertilização in vitro (FIV), técnica de reprodução assistida que promove a fecundação em laboratório e a transferência dos embriões diretamente para o útero da mulher, elevando as chances de gravidez.
A FIV é uma técnica de reprodução assistida que promove a fecundação em laboratório. A mulher passa inicialmente por uma estimulação ovariana e indução da ovulação, depois pela punção folicular. Nesse momento, é feita a coleta dos espermatozoides, que passam por seleção e preparação antes da fecundação. Com óvulos e espermatozoides selecionados e preparados, é feita a fecundação pelo método clássico ou por ICSI. Os embriões formados são transferidos ao útero da mulher.
Existem dois protocolos de transferência de embriões: em estágio de clivagem ou de blastocisto. Ambas as técnicas apresentam vantagens e desvantagens, embora haja atualmente uma maior tendência de transferência de blastocistos, e devem ser estudadas pela equipe de acordo com o caso. Em estágio de clivagem, o embrião tem entre 2 ou 3 dias de desenvolvimento. Já em estágio de blastocisto, o embrião tem entre 5 e 7 dias de desenvolvimento.
O primeiro aspecto favorável à transferência de blastocistos é que, como a implantação do embrião em uma gestação natural ocorre nessa fase, o embrião e o endométrio estão mais propícios à fixação, portanto existe uma chance maior de sucesso.
O segundo ponto favorável à transferência do embrião em estágio de blastocisto é que o tempo entre a estimulação ovariana/indução da ovulação e a transferência embrionária é maior, portanto o corpo tem mais tempo para reequilibrar os níveis hormonais alterados pelas medicações utilizadas.
Esse tempo maior de cultivo também dá ao embriologista mais tempo para selecionar os melhores embriões, embora essa escolha também seja feita com alto índice de precisão em embriões em estágio de clivagem. Quando espera-se pelos 5 dias de desenvolvimento, menos embriões estarão disponíveis no dia da transferência, mas os que estiverem viáveis são os que passaram por uma seleção natural e, portanto, têm maiores chances de implantação.
Esses são os aspectos favoráveis da transferência de embriões em estágio de blastocistos.
Já o principal ponto desfavorável de cultivar o embrião por 5 dias é que nem todos eles chegam ao estágio de blastocisto em laboratório e alguns deles poderiam chegar se já estivessem implantados no útero da mulher.
Dessa forma, o fertileuta faz essa decisão em conjunto com o casal, que sempre deve estar ciente dos pontos positivos e negativos dessa escolha.
A transferência de blastocistos é uma técnica mais recente e, como tal, às vezes é indicada indiscriminadamente, sem uma avaliação real de sua necessidade e viabilidade.
É fundamental que o profissional de reprodução assistida faça avaliações do casal para verificar qual é a técnica mais indicada àquele caso em específico.
As taxas de sucesso da FIV, em geral, são em torno de 40% a 60%. Variam de acordo com as condições de saúde do casal, a idade da mulher, a qualidade embrionária. Mulheres jovens, abaixo de 35 anos, com blastocistos de boa qualidade e sem alterações uterinas ou endometriose, podem chegar a uma taxa de sucesso de 60% a 70%.
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