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Estima-se que aproximadamente 1 em cada 10 casais no mundo sofra com infertilidade. Os principais fatores que exercem influência na fertilidade masculina estão relacionados ao sêmen e aos espermatozoides. A varicocele está entre as doenças que podem resultar em infertilidade masculina.
O sêmen, também conhecido como esperma, é o líquido no qual estão contidos os espermatozoides, nome dado aos gametas masculinos. Os órgãos do sistema reprodutor masculino devem funcionar corretamente para que eles tenham condições de chegar até o óvulo, gameta feminino, para fecundá-lo.
A infertilidade masculina é responsável pela metade dos casos de dificuldades reprodutivas dos casais em idade fértil. A investigação das causas é fundamental para que seja realizado o tratamento adequado, de forma a possibilitar que o homem seja pai.
A formação dos espermatozoides ou espermatogênese acontece nos túbulos seminíferos, estruturas localizadas nos testículos, sendo mediada pelo hormônio sexual masculino, a testosterona. Esse hormônio é responsável pelo início do processo de divisão das células germinativas.
Nessa primeira fase de desenvolvimento, os espermatozoides são movidos por peristaltismo dos túbulos seminíferos para os epidídimos, ductos em que desenvolvem a cauda ou flagelo, quando passam a ter motilidade, capacidade de movimento.
Durante a excitação sexual são conduzidos aos ductos deferentes e, posteriormente aos ejaculatórios para serem expelidos pela uretra quando ocorre o ejaculação. Nesse trajeto, são incorporados aos líquidos produzidos pelas glândulas anexas, formando o sêmen.
Este texto explica a varicocele, destacando a forma como essa doença pode interferir na fertilidade masculina. Continue a leitura até o final para saber mais!
A varicocele é uma doença caracterizada pela dilatação anormal das veias do cordão espermático, que sustenta os testículos na bolsa testicular, cujas duas principais funções são protegê-los e garantir que eles se mantenham na temperatura adequada para que a espermatogênese aconteça.
Embora a causa exata de varicocele permaneça desconhecida, especula-se que é consequência do funcionamento inadequado das válvulas venosas responsáveis por regular o fluxo sanguíneo para os testículos. As alterações provocam o refluxo do sangue e, assim, obstruções que resultam na dilatação das veias e no surgimento das varizes.
O processo é semelhante ao das veias varicosas que se formam nas pernas. As veias dilatadas causam a elevação da temperatura testicular, fisiologicamente mais baixa do que a do corpo humano, ideal para a produção dos espermatozoides. O quadro compromete a espermatogênese e a qualidade dos espermatozoides, resultando na ausência deles no sêmen ejaculado, condição denominada azoospermia.
A varicocele pode afetar cerca de 15% da população masculina, embora seja mais comum na puberdade, e normalmente é hereditária.
Por ser frequentemente assintomática, ou seja, sem manifestações clínicas, o homem com varicocele muitas vezes ignora sua condição e a desconfiança pelo diagnóstico pode surgir apenas quando há a tentativas malsucedidas de engravidar a parceira.
Nos casos mais severos a dilatação pode ser percebida à olho nu, assim como o homem pode manifestar outros sintomas, como assimetria testicular, sensação de peso, sensibilidade testicular e dor, que varia em intensidade: é mais intensa durante o esforço físico ou longos período em pé, geralmente piora durante o dia e alivia em repouso.
No entanto, apesar dos riscos de infertilidade, a varicocele não provoca nenhuma disfunção erétil.
A investigação da varicocele inicia no exame clínico, quando podem ser percebidas alterações como assimetria testicular. Na ocasião, é realizada a manobra de Valsalva, procedimento que permite classificar a varicocele em três graus de desenvolvimento.
No grau I, as varizes são pequenas e palpadas apenas com a manobra de Valsalva. No II são facilmente palpadas sem a necessidade da manobra e no III podem ser visualizadas e palpadas. As alterações na fertilidade ocorrem principalmente quando a doença está no último grau de desenvolvimento.
O diagnóstico pode ser confirmado por exames de imagem, como a ultrassonografia da bolsa testicular com Doppler. O espermograma, exame que avalia a qualidade do sêmen e dos espermatozoides, normalmente também é solicitado.
Os resultados são importantes para a definição do tratamento mais adequado para cada paciente.
Quando a varicocele ainda está em estágios iniciais e é assintomática, geralmente a recomendação é apenas o acompanhamento periódico para observar a evolução. Nos casos moderados, em que há manifestação de dor, são prescritos medicamentos para aliviá-la.
Porém, nos mais graves, quando a doença provoca alterações na fertilidade, a indicação passa a ser cirúrgica para a correção da varicocele. O procedimento é chamado varicocelectomia, realizado por microcirurgia subinguinal, técnica minimamente invasiva.
O objetivo é ocluir as veias afetadas e desviar o fluxo sanguíneo. Após a cirurgia a fertilidade é restaurada em boa parte dos casos. Porém, se ainda houver dificuldades para engravidar a parceira a fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) é indicada para aumentar as chances.
Na FIV com ICSI os espermatozoides podem ser recuperados diretamente dos testículos ou dos epidídimos. Posteriormente, passam pelo preparo seminal, técnica que os capacita proporcionando a seleção dos mais saudáveis para a fecundação.
No processo de fecundação por ICSI cada espermatozoide é ainda novamente avaliado, em movimento, por um microscópio de alta magnificação. Depois de ter a saúde confirmada é injetado diretamente no citoplasma do óvulo, o que aumenta as chances de sucesso.
Os embriões formados são então cultivados por alguns dias e transferidos ao útero da parceira. A FIV é a técnica de reprodução assistida que possui os maiores percentuais de sucesso.
Portanto, ainda que a varicocele seja uma das causas mais comuns de infertilidade masculina o problema pode ser corrigido, ou a gravidez obtida com auxílio da FIV.
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