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A transferência de embriões congelados é um procedimento realizado exclusivamente no contexto da FIV (fertilização in vitro). Após o processo de fertilização, com a fusão dos óvulos com os espermatozoides em laboratório, e o desenvolvimento dos embriões, alguns deles podem ser selecionados para serem criopreservados.
Quando chega o momento adequado para a transferência, os embriões congelados são descongelados em um processo cuidadosamente controlado, para garantir a sobrevivência e a integridade das células embrionárias, e avaliados para verificar se estão em condições adequadas para a transferência.
Este texto explica detalhadamente como é feita a transferência de embriões congelados, e em que situações ela pode acontecer. Aproveite a leitura!
A fecundação é o encontro entre óvulo e espermatozoide, que ocorre naturalmente nas tubas uterinas, após uma relação sexual, sem o uso de nenhum contraceptivo, durante o período fértil da mulher.
Quando encontra o óvulo, o espermatozoide deve ser capaz de romper a zona pelúcida dessa célula, que funciona como uma barreira para controlar a entrada dessas células.
Após esse rompimento, o espermatozoide entra inteiro dentro do óvulo, que volta a fortalecer suas barreiras, para que a fusão dos pronúcleos das células reprodutivas aconteça com segurança.
A célula primordial formada por essa fusão é chamada zigoto. O zigoto entra então em processo de clivagem (divisão celular) e se multiplica sistematicamente até a formação de um maciço de células idênticas, semelhantes à uma amora, que chamamos mórula – quando passa a ser chamado embrião.
A fase de blástula acontece em seguida à mórula, com a formação da blastocele, uma cavidade preenchida por líquido, no centro do blastocisto, separando as células que darão origem ao embrião daquelas envolvidas na formação dos anexos embrionários – placenta, líquido amniótico e cordão umbilical.
A fase de mórula costuma atingir seu auge por volta do 3º dia após a fecundação, enquanto o blastocisto, formado durante a fase de blástula, se desenvolve por volta do 5º dia.
Na gestação natural, essas etapas ocorrem nas tubas uterinas, que auxiliam o embrião a se locomover até o útero, onde deve conseguir fixar-se, realizando a nidação e concluindo o processo de implantação embrionária.
Quando a fecundação é feita pela FIV, as fases de desenvolvimento embrionário são idênticas às que ocorrem na fecundação natural, mas fora do corpo da mulher, em ambiente laboratorial, altamente controlado.
A FIV é um tratamento complexo, indicado para diversas demandas reprodutivas, incluindo infertilidade e preservação da fertilidade, com etapas específicas para aumentar as chances de sucesso de cada fase do processo reprodutivo.
A primeira etapa é a estimulação ovariana, que visa estimular o crescimento de vários folículos nos ovários e é feito com medicamentos hormonais, que ajudam a induzir o desenvolvimento dos folículos. Durante esse processo, os eventos pré-ovulatórios são monitorados pelo controle ultrassonográfico da ovulação, que indica o melhor momento para a aspiração folicular.
Uma vez que os folículos atingem o tamanho adequado, é realizado o procedimento de coleta de óvulos, também conhecido como aspiração folicular, realizado sob sedação leve e guiado por ultrassom. Os óvulos são retirados dos folículos através de uma agulha fina inserida no ovário por via transvaginal.
Simultaneamente à coleta dos óvulos, o parceiro realiza a coleta do sêmen, que passa por um processo de preparo seminal para selecionar os espermatozoides com melhor capacidade de fertilização.
Após a coleta dos gametas, a fecundação dos óvulos é realizada por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), em que um espermatozoide é selecionado e injetado diretamente no interior do óvulo, permitindo a fusão dos DNAs e a formação do zigoto.
Os embriões são cultivados em laboratório por alguns dias, em condições controladas, para permitir seu desenvolvimento adequado. Durante esse período, os embriões são avaliados e selecionados segundo seu crescimento adequado e boa qualidade.
É também neste momento que os embriões podem ser congelados seja para uso posterior, seja porque excedem o número de embriões que a regulamentação da reprodução assistida permite para a transferência.
A última etapa da FIV é a transferência dos embriões para o útero, um procedimento realizado sob orientação ultrassonográfica, em que os embriões são delicadamente introduzidos no útero com ajuda de um cateter especial.
A transferência embrionária é um procedimento simples e que não requer anestesia. Após a transferência, a mulher pode seguir as orientações médicas e aguardar algumas semanas para realizar o teste de gravidez.

O congelamento dos embriões é feito durante o cultivo embrionário, uma das etapas mais importantes da FIV. Para isso, essas células são aspiradas lentamente e submetidas à vitrificação – técnica de criopreservação mais avançada atualmente.
A vitrificação é uma técnica de congelamento rápido, em que o material biológico é submetido rapidamente à baixíssimas temperaturas, embebido em substâncias nutritivas e crioprotetoras que conservam intacto o material genético e a estrutura física do embrião.
O congelamento lento, técnica que tem caído em desuso hoje em dia, realiza a criopreservação diminuindo a temperatura gradualmente e utilizando outros tipos de crioprotetores, menos eficientes. Isso pode levar à formação de cristais no interior das células embrionárias, que danificam o material genético e a estrutura física dessas células.
Os principais motivos pelos quais os embriões costumas ser criopreservados são:
O congelamento de embriões só pode ser feito durante o tratamento para infertilidade conjugal com a FIV, porque prescinde da fecundação fora do corpo da mulher, já que é impossível, atualmente, coletar o embrião que foi formado naturalmente, de dentro do útero, para ser congelado.
As taxas de sucesso da FIV com embriões congelados é a mesma para os ciclos feitos com embriões frescos, ou seja, a preservação desse material biológico não afeta o sucesso da FIV em conseguir uma gestação.
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