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Muita gente sabe que a laqueadura é uma cirurgia voluntária, que provoca um quadro de infertilidade feminina permanente, mas os detalhes desse procedimento, bem como as implicações concretas de suas consequências sobre a fertilidade, são geralmente pouco conhecidos.
Além disso, outros aspectos são ainda menos conhecidos, como as regras estipuladas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para que a laqueadura – e a vasectomia, cirurgia análoga realizada nos homens – seja autorizada.
Neste texto, vamos trazer alguns detalhes importantes sobre a laqueadura, mostrando como o funcionamento da fertilidade feminina é afetado por essa cirurgia e quais as opções quando a mulher se arrepende da laqueadura.
Boa leitura!
A fertilidade feminina depende do funcionamento adequado de todos os órgãos que compõem o sistema reprodutivo, incluindo o amadurecimento dos óvulos e a produção de hormônios, pelos ovários, e a integridade dos tecidos que formam o útero e as tubas uterinas, essenciais para o desenvolvimento da gravidez.
A gravidez normalmente acontece quando o casal mantém relações sexuais durante o período fértil da mulher, ou seja, com a ovulação: quando a dinâmica dos hormônios sexuais provoca o crescimento do folículo dominante e seu rompimento, para liberar um óvulo em direção às tubas, onde a fecundação pode acontecer.
Nesse sentido, além de receber o óvulo, também é nas tubas uterinas que a fecundação acontece, bem como as primeiras etapas do desenvolvimento embrionário – mais especificamente as primeiras clivagens, após a formação do zigoto e a fase de mórula, chegando ao útero já no estágio de blastocisto.
Enquanto esses eventos embrionários acontecem, as tubas uterinas fazem movimentos peristálticos e utilizam os cílios, encontrados na superfície do tecido que reveste internamente as tubas, para conduzir o embrião até o interior da cavidade uterina.
Ao chegar ao útero, o embrião busca o melhor local para realizar a nidação, dando início à gestação propriamente dita, que se desenvolve exclusivamente neste órgão, até o parto.
Diferente dos métodos contraceptivos hormonais, a laqueadura é um procedimento cirúrgico que interrompe a passagem no interior das tubas e por isso não interfere na dinâmica dos hormônios sexuais e na ovulação – como faz a pílula anticoncepcional, por exemplo.
Isso significa que a mulher continua ovulando e menstruando normalmente, mesmo com a laqueadura, até a menopausa – considerando que a cirurgia é um método definitivo de esterilização.
A laqueadura normalmente é feita por videolaparoscopia, um procedimento minimamente invasivo, com recuperação pós-cirúrgica relativamente rápida, e a interrupção das tubas atualmente é feita com a colocação de grampos ou clipes cirúrgicos.
É importante lembrar que, embora a cirurgia para reversão da laqueadura exista, nem sempre ela resulta na reversão total da fertilidade, já que o objetivo central da própria laqueadura é ser definitiva.
Além disso, as regras do CFM para autorizar a realização da laqueadura também visam diminuir as chances de arrependimento sobre a cirurgia. Atualmente, somente mulheres com mais de 21 anos ou dois filhos vivos podem realizar a laqueadura.
Considerando que a laqueadura é um procedimento que provoca um quadro de infertilidade feminina permanente, é interessante que a mulher conheça com mais profundidade outros métodos contraceptivos reversíveis, antes de se decidir pela cirurgia.
Além dos preservativos de barreira, como as camisinhas masculina e feminina, que previnem a gravidez e também a transmissão de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), as mulheres também podem contar com uma grande variedade de contraceptivos hormonais, como o anticoncepcional injetável, a pílula oral e o DIU (dispositivo intrauterino).
As taxas de sucesso desses métodos variam, bem como as indicações e contraindicações de cada um. Entre os métodos mencionados, o DIU é o que oferece maior segurança em diversos aspectos.
Na maior parte das vezes, os contraceptivos hormonais interferem na produção dos hormônios sexuais, impedindo a ovulação e alterando a receptividade uterina.
Mesmo com o acompanhamento pré-cirúrgico da tomada de decisão pela laqueadura, é relativamente comum as mulheres se arrependerem da cirurgia e voltarem a querer engravidar.
A indicação para reversão da laqueadura pode ser feita, mas depende de alguns fatores importantes, como o tempo entre a laqueadura e o desejo pela reversão, a idade da mulher e outras especificidades de cada caso.
A reprodução assistida é outra possibilidade, em muitos aspectos mais segura, para tentar engravidar apesar da laqueadura. Como a laqueadura interfere na integridade das tubas uterinas, a FIV (fertilização in vitro) é a única técnica de reprodução assistida indicada, por permitir que os processos reprodutivos dispensem o papel das tubas na gravidez.
Isso porque na FIV a fecundação é reproduzida em laboratório, com a união de células reprodutivas (espermatozoide e óvulo) coletadas previamente, e as primeiras fases do desenvolvimento embrionário também acontecem em laboratório.
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