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Quando pensamos em fertilidade, normalmente associamos essa questão aos órgãos reprodutivos, como os ovários, nas mulheres, e os testículos, nos homens. No entanto, é interessante notar que a fertilidade é controlada por partes do cérebro também.
Uma dessas partes é o hipotálamo – uma pequena região localizada na base do cérebro que desempenha um papel crucial no funcionamento do sistema reprodutor, além de outros papéis muito importantes.
Compreender a importância do hipotálamo na regulação da fertilidade nos ajuda a ter uma visão mais completa dos fatores que influenciam a capacidade de concepção e reprodução – e, por isso, neste artigo, vamos explorar o que é o hipotálamo e como ele influencia a fertilidade.
Como comentamos, o hipotálamo é uma estrutura cerebral do tamanho aproximado de uma amêndoa, localizada na região central do cérebro, logo acima da hipófise.
Apesar de ser pequeno em tamanho, o hipotálamo desempenha uma série de funções cruciais para o organismo, funcionando como um centro de comando, que recebe informações de diversas partes do corpo e age como um regulador dessas funções essenciais.
Na regulação do apetite, por exemplo, o hipotálamo atua detectando os níveis de glicose no sangue e os níveis de hormônios relacionados à fome e à saciedade, como a leptina. Com base nessas informações, essa estrutura envia sinais para o corpo, indicando quando é hora de comer ou parar de comer, mantendo o equilíbrio adequado de energia.
O hipotálamo também é responsável por regular a temperatura corporal e, para isso, recebe informações do corpo sobre a temperatura interna e externa. Ou seja, quando estamos com frio, o hipotálamo sinaliza para que o corpo produza calor aumentando a atividade muscular (tremores) e a contração dos vasos sanguíneos periféricos. Da mesma forma, quando estamos com calor, é o hipotálamo quem aciona os mecanismos de resfriamento, como a sudorese.
De forma semelhante, o hipotálamo também está envolvido no controle da sede, detectando a concentração de sódio no sangue e desencadeando a sensação de sede quando estamos desidratados, ou controlando a diurese, quando precisamos reter líquidos ou eliminá-los.
De forma semelhante às suas outras funções, o hipotálamo desempenha um papel fundamental na reprodução humana, recebendo informações associadas aos níveis dos hormônios sexuais, o estresse e os fatores ambientais, e interpreta esses sinais para regular a produção desses hormônios, essenciais para a fertilidade de homens e mulheres.
De forma geral, quando o hipotálamo identifica um rebaixamento nos níveis de estrogênio e progesterona, nas mulheres, e testosterona nos homens, isso sinaliza que é o momento adequado para liberar GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina).
O GnRH, por sua vez, estimula a hipófise a liberar dois hormônios cruciais: o FSH (hormônio folículo-estimulante) e o LH (hormônio luteinizante), envolvidos tanto na produção de estrogênios e progesterona femininos, como na secreção da testosterona masculina.
Nas mulheres, o FSH desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dos folículos ovarianos: essas estruturas, que contêm um óvulo imaturo em seu interior, iniciam seu amadurecimento sob a influência desse hormônio.
Já o LH induz esses folículos recrutados pelo FSH, a produzir testosterona, convertida em estrogênios também pelo FSH. Por isso, à medida que os folículos se desenvolvem, a produção de estrogênio aumenta.
Quando esses hormônios atingem suas concentrações máximas, o folículo dominante (único que conclui o processo de crescimento) se rompe e libera o óvulo maduro contido em seu interior, o que chamamos ovulação. Esse óvulo fica disponível para ser fertilizado pelas células espermáticas masculinas, caso o casal mantenha relações sexuais nesse período fértil.
No caso dos homens, o FSH e o LH desempenham papéis cruciais na produção de testosterona e na regulação da espermatogênese.
A espermatogênese é o processo de produção dos espermatozoides nos testículos, que envolve a divisão e a diferenciação de células especiais chamadas espermatogônias em espermatozoides maduros. Esse processo ocorre em um ambiente específico dentro dos testículos, chamado de túbulos seminíferos.
Nesse processo, o FSH desempenha um papel importante na fase inicial, estimulando o crescimento e o desenvolvimento das células germinativas, promovendo a multiplicação das espermatogônias e seu amadurecimento.
Já o LH desempenha um papel fundamental na fase final da espermatogênese, estimulando as células de Leydig, também nos testículos, a produzirem testosterona, o principal hormônio sexual masculino, essencial para o desenvolvimento e a maturação dos espermatozoides, bem como para a manutenção da função testicular adequada.
Problemas no hipotálamo podem ter um impacto significativo na fertilidade tanto em homens quanto em mulheres, por prejudicar a hipófise e as respostas às variações dos hormônios sexuais.
Nas mulheres, um mau funcionamento do hipotálamo pode resultar em distúrbios como a SOP (síndrome dos ovários policísticos), em que os ciclos menstruais podem ser irregulares e a mulher pode apresentar infertilidade por anovulação. Sem a ovulação adequada, a fertilização não pode ocorrer e a gravidez se torna difícil de alcançar.
Já nos homens, problemas no hipotálamo podem levar a uma redução na produção de hormônios necessários para a espermatogênese, resultando na diminuição da quantidade e da qualidade dos espermatozoides, o que afeta diretamente a fertilidade masculina.
A reprodução assistida tem se mostrado uma opção viável para casais que enfrentam dificuldades para engravidar devido a problemas no hipotálamo, especialmente os tratamentos com estimulação ovariana e com FIV (fertilização in vitro), capazes de contornar essas dificuldades e permitir que esses casais realizem o sonho de ter um filho.
Na estimulação ovariana, medicamentos hormonais são utilizados para estimular os ovários e induzir a ovulação, aumentando as chances de ocorrer a fertilização e a implantação bem-sucedida de um embrião.
A estimulação ovariana é a etapa inicial de todos os tratamentos de reprodução assistida, incluindo a FIV – em que os óvulos são coletados e fertilizados em laboratório, com sêmen do parceiro, também coletados previamente.
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