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A fertilidade feminina está intrinsecamente ligada à idade da mulher: a vida reprodutiva começa na adolescência, atinge seu pico entre os 20 e 30 anos, entra em declínio após os 35 anos e mais intensamente após os 40 anos, chegando ao fim na 5ª década de vida, com a menopausa.
Existem vários fatores que contribuem para essa diminuição da fertilidade com a idade, especialmente a redução da reserva ovariana e as mudanças no ambiente uterino e nas condições do trato reprodutivo, o que pode afetar a implantação bem-sucedida do embrião.
Alguns exames podem fornecer informações importantes sobre as condições do aparelho reprodutivo, como a avaliação da reserva ovariana – indicada em casos específicos de infertilidade e algumas outras situações.
Por isso, neste artigo, falaremos sobre a avaliação da reserva ovariana, mostrando como ela é essencial para a fertilidade da mulher e para as técnicas de reprodução assistida mais avançadas. Aproveite a leitura!
A reserva ovariana é formada durante o período embrionário e se constitui de todos os óvulos, envolvidos em seus respectivos folículos ovarianos, com os quais uma mulher pode contar para ter filhos, entre a puberdade e a menopausa.
Durante o desenvolvimento embrionário, uma quantidade limitada de células germinativas primordiais, que eventualmente se tornarão os óvulos, começa a se diferenciar e migrar para a região embrionária onde estarão localizados os ovários.
Nesse processo, outros grupos de células passam a se multiplicar e envolver cada óvulo, formando uma bolsa protetora e que individualiza cada óvulo, que chamamos folículo ovariano. Ou seja, a maior parte dos ovários é formada por milhares desses complexo folículo-óvulo, que juntos são o que chamamos reserva ovariana.
Isso também significa que a reserva ovariana só se forma antes do nascimento, sendo portanto, um estoque limitado de células reprodutivas.
Com a puberdade, tem início o principal mecanismo de consumo da reserva ovariana: os ciclos menstruais e a ovulação. Além do folículo dominante, que amadurece e participa diretamente da ovulação, rompendo-se e liberando o óvulo maduro antes contido em seu interior, o ciclo menstrual também recruta uma grande quantidade de folículos que não chegarão ao final do processo de amadurecimento, mas que atuam na produção de hormônios, principalmente os estrogênios.
Com o passar do tempo, esses ciclos sucessivos fazem com que o número de folículos ovarianos diminua progressivamente à medida que a mulher envelhece, e esse declínio é um dos fatores principais que contribuem para a diminuição da fertilidade com a idade.
A avaliação da reserva ovariana é uma prática solicitada em diversos contextos relacionados à saúde reprodutiva da mulher.
Quando um casal enfrenta desafios para conceber, a avaliação da reserva ovariana integra-se naturalmente à investigação para identificar possíveis causas da infertilidade e, mesmo no contexto do planejamento do tratamento, a avaliação da reserva ovariana pode ser determinante.
Algumas técnicas, como a IA (inseminação artificial), podem não ser as mais adequadas quando a mulher apresenta uma avaliação prévia de baixa reserva ovariana, já que a estimulação ovariana não é tão intensa e pode não ser suficiente para desencadear a ovulação.
Ao mesmo tempo, os protocolos hormonais da estimulação ovariana na FIV (fertilização in vitro) podem ser adaptados para casos em que a reserva ovariana está reduzida ou trabalhar com a possibilidade de ovodoação.
Além disso, mulheres que planejam a gravidez em idades mais avançadas são frequentemente aconselhadas a realizar a preservação da fertilidade, coletando óvulos e conservando-os por criopreservação.
Para a segurança dessas mulheres, a coleta e a criopreservação costumam ser precedidas de exames, como a avaliação da reserva ovariana, para compreender a viabilidade ou não da preservação da fertilidade em cada situação.
Considerando que a reserva ovariana é uma das principais variáveis da fertilidade feminina, a medicina reprodutiva desenvolveu alguns exames que podem ajudar a equipe médica a estimar o potencial de fertilidade de uma mulher, em um determinado momento de sua vida, que chamamos avaliação da reserva ovariana.
Atualmente, os dois exames mais comuns nesse processo são a dosagem do HAM e a contagem amostral de folículos – sobre os quais falaremos agora.
Embora o HAM seja um hormônio mais conhecido por seu papel na diferenciação sexual do embrião masculino, o corpo da mulher também produz baixíssimas quantidades de HAM, por seu papel na regulação do amadurecimento dos folículos.
Durante a idade adulta da mulher, esse hormônio é produzido exclusivamente pelos folículos ovarianos que ainda estão nos ovários e, por isso, reflete diretamente a quantidade de óvulos ainda disponíveis.
Nesse sentido, a dosagem de HAM é um dos principais marcadores utilizados na avaliação da reserva ovariana.
Normalmente utilizada em associação com a dosagem de HAM, a contagem amostral de folículos por ultrassonografia é outra abordagem crucial na avaliação da reserva ovariana.
Este método utiliza imagens obtidas por ultrassom para visualizar os ovários e contar os folículos ovarianos por método amostral, mapeando a presença e a distribuição desses folículos para obter informações detalhadas sobre a saúde reprodutiva da mulher.
Toque neste link e leia mais sobre a ultrassonografia.
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