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Antigamente, chamávamos DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) as infecções com sintomas, provocadas por microrganismos cuja via de transmissão principal é o ato sexual sem preservativos de barreira – como as camisinhas masculina e feminina.
Essa nomenclatura foi alterada recentemente, e agora chamamos aos mesmos grupos de doenças de ISTs – ou infecções sexualmente transmissíveis.
A mudança na nomenclatura tem a ver com o fato de que muitas vezes essas infecções são ativas, mas assintomáticas, e o termo doença é mais utilizado para se referir às condições que provocam alterações patológicas perceptíveis – ou seja, sintomas.
Neste texto vamos, portanto, falar das ISTs, o que são e quais as principais infecções encontradas em homens e mulheres em idade fértil – e com potenciais riscos de infertilidade.
Boa leitura!
Como comentamos, as ISTs são doenças agrupadas em uma categoria incluindo todas as infecções que têm no ato sexual desprotegido sua principal via de transmissão.
É muito comum, no entanto, que além da via sexual, as ISTs também possam possuir vias de transmissão vertical, ou seja, da mãe para o bebê no momento do parto ou durante a gravidez.
Pelos mesmos motivos, embora algumas ISTs possam prejudicar diversos órgãos e estruturas externos à cavidade pélvica, na maior parte das vezes os primeiros tecidos afetados são parte do sistema reprodutor, como:
As ISTs podem ser assintomáticas, mas também podem provocar o aparecimento de sintomas específicos para cada tipo de infecção, além de produzir sinais mais genéricos, comuns à maior parte das ISTs, tanto em homens quanto nas mulheres.
Entre os principais sintomas gerais e específicos das ISTs, destacamos:
A testagem laboratorial das secreções, da urina e do sangue são as principais formas de identificar as ISTs e, em alguns casos, determinando com especificidade quais microrganismos estão envolvidos nas infecções.
Após o resultado dos exames, o tratamento indicado para ISTs é feito com antibióticos e antivirais, para infecções bacterianas e virais, respectivamente, e os exames devem ser repetidos após o fim dos tratamentos, para confirmar a erradicação dos agentes infecciosos.
Atualmente, acredita-se que uma grande parcela da população sexualmente ativa possa ser portadora de ISTs, mesmo sem o conhecimento de sua condição – o que acontece principalmente nos estágios iniciais das doenças, que tendem a ser assintomáticos.
Os microrganismos mais frequentemente associados às ISTs podem ser encontrados na relação a seguir:
De forma geral, dividimos as ISTs em dois grupos principais: as infecções gonocócicas – causadas exclusivamente pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, causadora da gonorreia, e não-gonocócicas, causadas por todos os demais microrganismos infecciosos mencionados.
A gonorreia e a clamídia são as duas ISTs mais frequentemente associadas a quadros de infertilidade, sejam eles decorrentes dos estados em que a infecção está ativa, sem tratamento, mas também em algumas situações, mesmo após a conclusão do tratamento.
Essas bactérias normalmente começam seu ciclo de infecção nas estruturas mais externas do aparelho reprodutivo, como os genitais, o canal vaginal e o colo do útero, além da uretra masculina. Nesse período, a infecção é frequentemente assintomática.
Como a ausência de sintomas não motiva a busca por diagnóstico e tratamento, é comum que essas bactérias ascendam para órgãos e estruturas do aparelho reprodutivo superior, como o endométrio e as tubas uterinas, além dos epidídimos.
Ao se instalar no endométrio, a infecção pode provocar endometrite – prejudicando a receptividade do endométrio e dificultando a gravidez, além de aumentar os riscos de aborto espontâneo – e, ao atingir as tubas, induzir o desenvolvimento de salpingite – que inclusive causa a obstrução das tubas.
Da mesma forma, nos homens essas doenças podem afetar inicialmente a uretra, causando uretrite, mas ao ascender estão associadas a quadros de epididimite – que também causa um tipo de obstrução, mas aqui dos epidídimos.
Além da infertilidade associada à endometrite, a obstrução das tubas e dos epidídimos impedem a fecundação, por prejudicar a disponibilização plena das células reprodutivas de homens e mulheres.
Como comentamos, é comum que os casos de ISTs em que os portadores demoram para buscar diagnóstico e tratamento, a infertilidade pode ser persistente, mesmo após a erradicação dos microrganismos envolvidos nas infecções.
Para esses casos, indica-se a reprodução assistida, mais especificamente a FIV (fertilização in vitro), que permite a coleta de óvulos diretamente dos ovários – dispensando o papel das tubas na fecundação –, que são fertilizados em laboratório com espermatozoides obtidos por recuperação espermática – que dispensa o papel dos epidídimos disponibilização dos espermatozoides.
A recuperação espermática também pode ser utilizada pela IA (inseminação artificial), mas esta técnica não é indicada para os casos de infertilidade feminina por obstrução tubária, provocada por ISTs, como a clamídia.
Toque neste link e leia mais sobre a clamídia e seus efeitos sobre a fertilidade das mulheres.
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