Dra. Fernanda Valente | Reprodução Humana SP | WhatsApp
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Os óvulos são elementos essenciais na fertilidade feminina. Produzidos somente antes do nascimento da mulher, o conjunto dos óvulos é chamado reserva ovariana – um estoque finito de células reprodutivas, consumido gradualmente até a menopausa.
Esse processo nos mostra que há uma relação direta entre a idade e a fertilidade da mulher, já que a quantidade de óvulos da reserva ovariana diminui na medida em que o tempo passa.
Além da quantidade, contudo, a idade também interfere na qualidade dos óvulos, afetando de outras formas a fertilidade feminina.
Neste artigo, falaremos sobre a complexa relação entre a idade e a fertilidade feminina sob o ponto de vista da qualidade dos óvulos. Aproveite a leitura!
É já durante o desenvolvimento inicial dos embriões que os órgãos reprodutores começam a tomar forma. Todo esse processo é mediado por hormônios e envolve principalmente a diferenciação de células somáticas em células especializadas nos processos reprodutivos.
No caso dos ovários, a formação começa quando algumas células somáticas se diferenciam em células germinativas e migram para a região abdominal. Quando todas as células germinativas fazem essa migração, seu conjunto se agrupa próximo às extremidades das tubas uterinas, formando os ovários.
É essencial compreender que esse processo ocorre no início da vida embrionária, ou seja, antes mesmo do nascimento. Portanto, desde o momento em que uma menina nasce, ela já possui uma reserva ovariana definida, finita e limitada, que diminui progressivamente ao longo da vida.
Entre a puberdade e a menopausa, ocorre um processo complexo que influencia diretamente a fertilidade feminina, ligado ao consumo gradual da reserva ovariana.
A puberdade é um marco fundamental no ciclo reprodutivo feminino, que geralmente ocorre entre os 9 e 16 anos, quando a vida fértil começa e o corpo da menina passa por transformações significativas.
Nesse período, os ovários, responsáveis pela produção e liberação de óvulos, amadurecem e passam a interagir sistematicamente com alguns hormônios neuronais, iniciando os ciclos reprodutivos (ou ciclos menstruais), que ocorrem periodicamente até a menopausa.
No início de cada ciclo menstrual, vários folículos ovarianos – pequenas bolsas que contêm óvulos imaturos – começam a se desenvolver e produzir hormônios que preparam o corpo para uma possível gestação.
Aproximadamente na metade de cada ciclo, apenas um desses folículos conclui o processo de amadurecimento e é liberado para fecundação (o que chamamos ovulação). Os demais folículos selecionados naquele ciclo participam da produção de hormônios, mas degeneram e são reabsorvidos pelo corpo.
Após a ovulação, durante o período fértil, a mulher pode engravidar, caso mantenha relações sexuais ou passe por tratamentos com reprodução assistida. Caso isso não aconteça, os níveis hormonais caem e a mulher menstrua, recomeçando um novo ciclo.
Com o passar do tempo, esse mecanismo de consumo dos folículos e óvulos resulta no esgotamento gradual da reserva ovariana.
Em outras palavras, à medida que os anos passam, a quantidade de óvulos disponíveis na reserva ovariana diminui, em um processo natural e irreversível, que é um dos principais fatores que levam ao aumento da dificuldade para engravidar com o avanço da idade.
A menopausa é o ponto final desses ciclos. Definida como o momento em que uma mulher deixa de menstruar permanentemente, a menopausa acontece quando a reserva ovariana está esgotada: não há mais óvulos disponíveis para a ovulação, tampouco para a produção de hormônios.
A menopausa geralmente ocorre por volta dos 45 a 55 anos, mas pode variar de mulher para mulher e marca o fim da vida reprodutiva da mulher.
Não é apenas a quantidade de óvulos que diminui com a idade, mas também a qualidade dos óvulos, do ponto de vista genético e estrutural dessas células.
Os processos que afetam a qualidade dos óvulos estão intrinsecamente ligados aos efeitos do envelhecimento, que atingem todas as células do corpo: à medida que envelhecemos, nossos mecanismos de reparo e manutenção celular tornam-se menos eficientes, contribuindo para a instabilidade genética das células.
Isso significa que os óvulos envelhecem à medida que são armazenados nos ovários, ou seja, com a idade, os óvulos podem ter mais probabilidades de conter mutações genéticas, aumentando o risco de problemas associados nos descendentes.
Além disso, a integridade das estruturas celulares – como membranas, organelas e mesmo os cromossomos – também são aspectos da qualidade dos óvulos que podem ser afetados pelo envelhecimento, aumentando o risco de problemas durante a fertilização e o desenvolvimento inicial do embrião, muitas vezes associados à infertilidade e abortos de repetição.
Como podemos perceber, a idade e o envelhecimento natural do corpo feminino têm um impacto significativo na capacidade reprodutiva, tanto em termos de quantidade quanto de qualidade dos óvulos.
À medida que as mulheres envelhecem, os óvulos também envelhecem, aumentando a probabilidade de mutações genéticas e, consequentemente, o risco de problemas de fertilidade e de saúde para o futuro bebê.
Nesse sentido, para mulheres que desejam ter filhos e têm preocupações sobre sua fertilidade, a avaliação da reserva ovariana é uma ferramenta valiosa. Esse conjunto de exames é indicado para estimar a quantidade e a qualidade dos óvulos remanescentes nos ovários, em um determinado momento da vida.
Com base nos resultados desses exames, os profissionais de saúde podem estimar a reserva ovariana da mulher e oferecer orientações personalizadas sobre suas opções de fertilidade.
Para algumas mulheres, a preservação da fertilidade, com técnicas como a criopreservação de óvulos, pode ser uma opção para melhorar as chances de conceber com mais segurança no futuro.
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