Fragmentação do DNA espermático e varicocele: qual é a relação?

Existem diversas causas para a infertilidade masculina, que podem ser de origem genética, hormonal, anatômica ou relacionadas ao estilo de vida. Algumas dessas causas são mais conhecidas – como a varicocele – e outras menos famosas – como a fragmentação do DNA espermático.

As duas condições, no entanto, podem ainda estar diretamente associadas, já que a varicocele altera o ambiente da bolsa escrotal, prejudicando a espermatogênese e favorecendo um aumento anormal na fragmentação do DNA espermático.

Neste artigo, vamos mostrar um pouco mais profundamente as consequências da varicocele e como essa condição pode provocar um aumento na taxa de fragmentação do DNA espermático.

Nos acompanhe na leitura e saiba tudo sobre essa relação!

O que é varicocele?

Em linhas gerais, podemos dizer que a varicocele é uma condição caracterizada pela dilatação anormal das veias do cordão espermático, que contém os canais vindos dos testículos para a uretra e sustenta os testículos.

Essa dilatação é causada por defeitos (de origem genética) nas válvulas de algumas veias da bolsa escrotal, que, quando saudáveis, mantêm o fluxo unidirecional do sangue, mas quando defeituosas não conseguem realizar essa tarefa plenamente. Esse quadro faz com que essas veias acumulem, sangue e aumentem de tamanho, formando “varizes” na região testicular.

O acúmulo de sangue nas veias varicosas pode elevar a temperatura na região interna da bolsa escrotal, além de causar um acúmulo de substâncias tóxicas no ambiente ao redor dos testículos.

O processo de formação dos espermatozoides – que chamamos espermatogênese – é delicado e requer um ambiente bastante específico para acontecer com sucesso, o que inclui principalmente uma temperatura menor do que a média corporal.

Por isso, homens com varicocele podem apresentar uma redução na quantidade e na qualidade dos espermatozoides produzidos, já que a doença altera fatores determinantes para a espermatogênese saudável.

Em muitos casos, a varicocele é assintomática e pode passar despercebida. No entanto, alguns homens podem apresentar desconforto ou dor no escroto, que geralmente piora ao longo do dia e melhora ao deitar-se.

Por ser uma doença genética, os fatores de risco para o desenvolvimento de varicocele incluem idade (mais comum durante a adolescência e início da idade adulta), história familiar da doença e algumas condições que aumentam a pressão abdominal, como a obesidade.

O que é fragmentação do DNA espermático?

O DNA espermático, como o DNA do óvulo, é uma forma bastante particular de material genético. Diferentes de todas as outras células do corpo, óvulo e espermatozoide contêm apenas metade do DNA total, o que faz delas células reprodutivas de fato.

Na fecundação, a fusão dessas duas células com metade do DNA é o que forma o DNA completo do zigoto – como chamamos a primeira célula do que futuramente será um ser humano.

Então, quando falamos de fragmentação do DNA espermático, nos referimos às taxas altas de uma quebra anormal desse material genético contido nos espermatozoides. Essas quebras podem afetar a integridade dos espermatozoides, influenciando sua capacidade de fertilização, mas também a fecundação, prejudicando ou inviabilizando o desenvolvimento embrionário.

Várias razões podem contribuir para esse aumento anormal na fragmentação do DNA espermático, como:

• Estresse oxidativo;
• Lesões testiculares;
• Idade avançada;
• Fatores ambientais;
• Estilo de vida.

Como o espermograma não identifica a fragmentação do DNA espermático, seu diagnóstico é feito com testes específicos, como o teste de fragmentação do DNA espermático por citometria de fluxo e o teste de tunelamento do DNA espermático (TUNEL) – que medem a quantidade de DNA espermático danificado e ajudam a avaliar a qualidade do esperma.

A fragmentação do DNA espermático é uma das consequências possíveis da varicocele

Como comentamos, a varicocele é caracterizada pela dilatação anormal das veias do cordão espermático, levando à formação de varizes na região escrotal, com capacidade para afetar negativamente a qualidade do esperma de diversas maneiras, incluindo o aumento da temperatura e a indução de estresse oxidativo – dois fatores de risco para a fragmentação do DNA espermático.

O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio e a capacidade do corpo de neutralizá-las. O excesso dessas substâncias pode causar danos ao DNA dos espermatozoides, levando à fragmentação.

Além disso, a varicocele pode causar episódios de isquemia-reperfusão, ou seja, quando o fornecimento de sangue para os testículos é temporariamente interrompido (isquemia) e depois restaurado (reperfusão), deixando lesões. Esse processo pode gerar espécies reativas de oxigênio, contribuindo para o estresse oxidativo e danos ao DNA.

Tratamentos, infertilidade e reprodução assistida

Os tratamentos para a infertilidade relacionada à varicocele podem variar de acordo com a gravidade da condição. Entre as opções disponíveis, a observação e o monitoramento são considerados em casos leves e assintomáticos, enquanto a intervenção cirúrgica é mandatória nos casos mais graves e sintomáticos.

Nos casos em que a varicocele persiste após a intervenção ou quando a qualidade do esperma não é totalmente restaurada, as técnicas de reprodução assistida, como a FIV (fertilização in vitro) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), costumam ser consideradas.

A ICSI, em especial, é frequentemente utilizada em situações em que há poucos espermatozoides para o tratamento e altas taxas de fragmentação do DNA espermático.

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