FIV: veja como é feita a aspiração folicular ou punção ovariana

A coleta dos óvulos é a segunda etapa do tratamento de FIV (fertilização in vitro). No início, os ovários são estimulados hormonalmente para induzir o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos e óvulos do que o normal durante o ciclo menstrual.

Após esse processo, o líquido folicular (no qual fica o óvulo) é aspirado diretamente dos ovários e os óvulos são separados e fecundados em laboratório.

Quer entender mais profundamente sobre essa etapa tão importante para quem recorre à FIV? Nos acompanhe na leitura do texto abaixo!

Ovários, hormônios e FIV

Os ovários são duas glândulas localizadas na extremidade das tubas uterinas, que ligam essas estruturas ao útero. Responsáveis pela síntese de hormônios sexuais como o estrogênio e a progesterona, é também nos ovários que ocorre o armazenamento dos folículos, que contêm os óvulos, fazendo dessas glândulas estruturas centrais da fertilidade feminina.

Hormonalmente, o processo de ovulação é induzido quando o hipotálamo libera picos de GnRH para a hipófise, estimulando nessa estrutura a secreção de FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante) para a corrente sanguínea. Esses dois hormônios atuam principalmente nos ovários, levando ao desenvolvimento e amadurecimento dos oócitos femininos em óvulos e consequente produção de estrogênios e progesterona.

A FIV, técnica de reprodução assistida de alta complexidade, precisa de um número alto de óvulos para oferecer boas chances de sucesso, portanto, o único óvulo liberado durante o ciclo menstrual não é suficiente.

Para a obtenção de múltiplos folículos maduros, a mulher que se submete à FIV passa pela estimulação ovariana e, após essa fase, aproximadamente 10 óvulos maduros – isso depende de alguns fatores – são coletados diretamente do líquido folicular em que ficam abrigados, por meio de um procedimento chamado aspiração folicular ou punção ovariana.

Aspiração folicular

Aspiração folicular é uma técnica que consiste na introdução de um cateter pelo canal vaginal até os ovários para retirar o líquido folicular. É muito utilizada para a coleta de óvulos para doação, criopreservação ou como etapa inicial dos procedimentos de FIV.

Normalmente precedida de uma fase de estimulação ovariana pela administração de hormônios, é possível extrair óvulos maduros por essa técnica em média 34 a 36 horas após a administração da última medicação para amadurecimento dos óvulos. A aspiração é feita pouco antes da ovulação.

A aspiração folicular é realizada geralmente na própria clínica de reprodução assistida e sob sedação leve: guiado por ultrassonografia transvaginal, o médico introduz a agulha de punção até o ovário para fazer a coleta. Essa agulha é descartável e está ligada a uma bomba de aspiração automatizada, que aspira o líquido folicular, posteriormente depositado em tubos com meio de cultura semelhante em composição química ao ambiente ovariano.

Os óvulos separados do líquido folicular são, então, transferidos para uma placa contendo meio de cultura semelhante ao encontrado nas tubas uterinas e os espermatozoides para que a fecundação aconteça naturalmente. Esse é o modo clássico, porém a fecundação pode ser feita por ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide), técnica em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.

Em alguns casos, pode ocorrer um leve sangramento no local da punção, que não deve causar preocupação e desaparece rapidamente. Todo o procedimento é realizado com o acompanhamento de um anestesista e a equipe de enfermagem desde o início até o momento da alta.

Após a coleta, a mulher permanece em repouso até a sua completa recuperação, sendo liberada em seguida e podendo seguir normalmente com sua rotina, inclusive de trabalho.

Aspiração folicular no contexto da FIV

Vamos entender melhor em que momento da FIV é necessário fazer a aspiração folicular. A FIV tem início com a estimulação ovariana, um procedimento medicamentoso em que a administração de gonadotrofinas induz o desenvolvimento e amadurecimento multifolicular, ou seja, a formação de vários folículos.

Os óvulos maduros e o sêmen são coletados simultaneamente. A forma mais comum de fazer a coleta de espermatozoides é por masturbação, porém muitos casos de infertilidade devem-se a distúrbios na produção ou na motilidade espermática, sendo necessário recuperá-los diretamente dos testículos ou dos epidídimos.

É importante que a fecundação ocorra o mais rápido possível após a coleta de gametas, evitando a degeneração dessas células tão delicadas. O processo é realizado pelo embriologista, profissional especializado no desenvolvimento embrionário, que usa uma agulha especial para introduzir cada espermatozoide em um óvulo diferente.

Os embriões são então cultivados em média por 2 a 6 dias antes da transferência embrionária. Nessa fase, acontecem as primeiras divisões celulares que originarão um novo indivíduo, quando o embriologista também é capaz de observar se estão se desenvolvendo de maneira adequada, podendo selecionar os melhores.

Os embriões são transferidos ao útero no momento mais adequado, de acordo com a estratégia determinada que ofereça melhores chances de sucesso.

A confirmação da gravidez é feita por exame de sangue alguns dias após a implantação.

Muito além da infertilidade

Além de ser uma ferramenta indispensável no tratamento da infertilidade por FIV, a aspiração folicular é empregada no caso de mulheres que desejam adiar a maternidade e estão buscando a preservação social da fertilidade e para doação de óvulos.

Em ambos os casos, a mulher também deve passar pela estimulação ovariana. Os óvulos coletados são criopreservados e podem ser utilizados em qualquer momento no futuro.

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