Dra. Fernanda Valente | Reprodução Humana SP | WhatsApp
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O endométrio — tecido que reveste o interior do útero — é o tecido que descama durante o ciclo menstrual e produz a menstruação. Esse processo de eliminação do endométrio durante a menstruação pode sofrer uma alteração e parte do sangue que deveria ser eliminado pode retornar e se fixar em estruturas e órgãos da cavidade pélvica, como tubas uterinas, bexiga, intestino, ovários, entre outros. Esse retorno do sangue é chamado de menstruação retrógrada.
Se o corpo não conseguir eliminar esses focos que estão fora do seu local correto, a mulher pode desenvolver a endometriose, que é um processo inflamatório provocado pelo estímulo hormonal dessas lesões que se formam em decorrência da fixação desse sangue nessas estruturas. Assim como o endométrio se torna mais espesso e depois descama durante o ciclo menstrual, provocando a menstruação, essas lesões da endometriose também passam por isso.
O endometrioma é a forma ovariana da endometriose. Quando o sangue se fixa nos ovários, a endometriose pode surgir nesse órgão.
As lesões da endometriose podem ser superficiais e/ou profundas. É comum que a mulher que tenha a forma profunda da doença também tenha a superficial.
Neste texto, vamos falar sobre o endometrioma. Aqui, iremos explicar os sintomas, diagnósticos e tratamentos. Também, explicaremos as maneiras como o endometrioma pode afetar a fertilidade. Confira!
O endometrioma, portanto, é uma das formas de manifestação da endometriose. Trata-se de um cisto que surge em um ou nos dois ovários e tem como constituição um tecido semelhante ao endométrio.
Esse tecido, na superfície do ovário, com o tempo, adquire coloração marrom-escura como se fosse chocolate, por isso os endometriomas também são chamados de “cistos de chocolate”.
Os sinais e sintomas do endometrioma estão diretamente relacionados à endometriose e podem variar significativamente de uma mulher para outra, mas geralmente são:
É comum que a paciente que tenha endometrioma também tenha outra forma da doença, como endometriose profunda e superficial.
Em caso de dor intensa e repentina na pelve, deve-se procurar ajuda médica imediata, pois rupturas, cistos ovarianos ou torção ovariana são emergências que devem ser tratadas imediatamente.
A presença de um endometrioma geralmente está associada a uma diminuição da função ovariana, embora nem sempre esse seja o caso. A fertilidade pode ser afetada porque nos ovários fica a reserva ovariana, que é o conjunto de folículos que a mulher ainda tem disponível para ovular e ter filhos.
A presença do endometrioma nos ovários pode afetar a reserva ovariana, tanto diminuindo a quantidade como a qualidade dos folículos e, consequentemente, dos óvulos.
O diagnóstico de endometriose pode demorar muitos anos para ser feito pelo fato de a endometriose ser uma doença bastante complexa. Muitas vezes os sintomas são semelhantes aos de outras doenças e isso também dificulta o diagnóstico. Por isso é muito importante que a mulher procure ajuda médica quando estiver sentindo sintomas semelhantes aos de endometriose.
O primeiro passo, portanto, é ir a uma consulta, quando será feita uma anamnese, cujo objetivo é dar elementos para uma suspeita da doença. Quanto mais detalhada for a anamnese, maior será a chance de identificar especificamente uma doença. Como tanto a endometriose como o endometrioma podem não ter sintomas, a anamnese precisa ser feita de forma a suspeitar da doença mesmo que a paciente não relate algum sinal ou sintoma.
Se na anamnese houver suspeita da doença, serão solicitados exames. Para investigar endometrioma, são feitos exames físico e de imagem.
O principal exame de imagem é a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, mas o exame deve ser realizado por um profissional especializado no diagnóstico da endometriose. Na ultrassonografia, é o profissional que está fazendo o exame que consegue identificar as lesões da endometriose e precisa registrá-las no laudo. Se houver alguma que não tenha sido identificada, o médico que solicitou o exame não vai saber da sua existência, dificultando o tratamento.
A ultrassonografia permite também, dependendo das características da doença, identificar a localização dessas lesões, portanto em uma eventual indicação cirúrgica é mais fácil planejar o tratamento.
Outra possibilidade é a ressonância magnética realizada com protocolo específico para endometriose. Trata-se de um exame de alta sensibilidade e pode ser utilizado para o diagnóstico da doença. Nesse caso, o médico que solicitou o exame pode analisar as imagens para identificar a presença da doença.
Dependendo do caso, pode-se solicitar uma biópsia para análise do tecido e confirmação do diagnóstico.
O tratamento ideal dependerá da idade da paciente, intensidade da dor, características do cisto, presença de lesão infiltrante profunda coexistente, história clínica de cirurgia anterior e desejo reprodutivo. Caso a doença esteja afetando a fertilidade, é necessário fazer uma avaliação detalhada para definir a melhor conduta, que pode envolver intervenção cirúrgica e técnicas de reprodução assistida.
Antes de uma cirurgia para retirada de endometriomas é indicada a preservação da fertilidade, que é o congelamento de óvulos, já que os endometriomas ficam nos ovários e uma intervenção no órgão pode afetar a reserva ovariana e comprometer a fertilidade.
A fertilização in vitro (FIV) é uma opção de tratamento eficaz para mulheres inférteis com endometrioma. Muitas vezes, os cistos causam danos à reserva ovariana e afetam a fertilidade. Nessa circunstância, pode ser melhor optar pela FIV.
Se esta leitura foi útil para você, leia mais sobre a endometriose, tocando aqui!
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