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Muitas pessoas associam a fertilidade de um casal somente à integridade estrutural de seu aparelho reprodutivo, mas a capacidade reprodutiva não se restringe a essa anatomia, dependendo também de todos os processos hormonais e celulares desempenhados por essas estruturas.
Para a fertilidade feminina, o útero é um dos órgãos mais centrais da gestação, especialmente por causa das transformações pelas quais o endométrio passa.
A saúde do endométrio, que consiste em sua integridade e boa interação com a dinâmica hormonal do ciclo menstrual, é essencial para a fertilidade, já que os primeiros processos da gravidez dependem diretamente do endométrio.
Neste texto, vamos falar mais profundamente sobre o endométrio e seu papel na reprodução humana, além das principais doenças que podem atingir este tecido e prejudicar a fertilidade.
A formação do útero acontece por volta da 9ª semana de gestação, quando os ductos de Müller – estruturas tubulares presentes em todos os embriões, mas que só se desenvolvem nos embriões femininos – fundem as paredes laterais de seus trechos inferiores em um tubo único, que se alarga e forma o útero.
É interessante saber que as extremidades superiores dos ductos de Müller não se fundem, permanecendo independentes e ligadas ao útero, formando as tubas uterinas; e que os ovários são formados nesse mesmo período, com a migração das células germinativas – precursoras dos óvulos e folículos – em direção às extremidades das tubas.
Assim é possível compreender por que o útero se forma como um órgão oco – já que é derivado da fusão de dois ductos – e porque a cavidade uterina é um espaço de trânsito – por onde passam tanto os espermatozoides em direção às tubas uterinas, como o embrião para a nidação.
Além disso, podemos ver que além do espaço criado pela cavidade uterina, este órgão é composto somente pelos tecidos que constituem a parede do útero:
Entre eles, o endométrio se destaca em sua relação com a fertilidade por ser o tecido que mais se transforma no ciclo menstrual, além de manter contato direto com o embrião e, mais tarde, com a placenta, durante toda a gestação até o parto.
As transformações do endométrio são provocadas pela ação de alguns hormônios específicos, que encontram receptores neste tecido, principalmente os estrogênios e a progesterona. Dependendo do momento do ciclo menstrual em que se observa a composição do endométrio, a atividade desses hormônios pode produzir cenários totalmente diferentes:
Se a fecundação acontece, ao chegar à cavidade uterina o embrião deve buscar o melhor local no endométrio para realizar a nidação: quando este fixa-se no útero, dando início à gestação.
Conforme explicamos, é possível perceber que a relação entre o endométrio e a fertilidade da mulher é bastante direta, já que este tecido participa de diversas etapas do ciclo menstrual, do processo de fecundação e da gravidez.
As mudanças pelas quais o endométrio passa nas diferentes fases do ciclo menstrual, têm como objetivo preparar o útero para que este órgão esteja receptivo ao embrião, caso a fecundação aconteça.
E dos três tecidos que compõem a parede uterina, o endométrio é o principal alvo dos hormônios que trabalham para o preparo uterino – e que por isso é mais especificamente chamado preparo endometrial.
Além da receptividade endometrial, o endométrio também está envolvido no ambiente que recebe os espermatozoides do sêmen, que buscam o óvulo nas tubas.
Por isso, as alterações no endométrio podem aumentar a mortalidade dos espermatozoides no trajeto até as tubas, além de afetar a receptividade endometrial, dificultando a gravidez.
Como foi possível perceber, a saúde do endométrio é essencial para a fertilidade e, por isso, problemas que possam afetar o funcionamento e a anatomia do útero e do endométrio, podem provocar problemas reprodutivos e infertilidade feminina.
Entre as principais doenças associadas ao endométrio e que podem oferecer riscos à fertilidade, destacamos as mais recorrentes entre as mulheres em idade reprodutiva:
Embora o nome da doença possa lembrar o endométrio uterino, ou seja, o tecido de revestimento da cavidade uterina propriamente dito, na endometriose observamos o aparecimento de outro tipo de endométrio: o endométrio ectópico.
Nestes casos, além de ocupar a cavidade uterina, o endométrio também surge em focos fora do útero (e por isso é chamado ectópico), normalmente aderido às diversas estruturas da cavidade pélvica, incluindo os ovários, tubas uterinas, bexiga, intestinos e os ligamentos que sustentam o útero.
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