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A tendência das novas gerações de adiar a parentalidade é um fenômeno marcante e influente na sociedade contemporânea. Diversos fatores contribuem para essa mudança de padrão, especialmente entre as mulheres.
Entre os principais motivos da tendência em adiar a maternidade, destacam-se o desejo de investir em educação e carreira, em independência financeira, na escolha mais madura do parceiro e, claro, as possibilidades abertas pela reprodução assistida.
A disponibilidade de tecnologias de reprodução assistida, como o congelamento de óvulos, oferece às mulheres a opção de adiar a maternidade sem comprometer a segurança da gestação, proporcionando uma camada adicional de segurança e flexibilidade.
Neste texto, exploraremos em detalhes a relação entre o congelamento de óvulos e a preservação da fertilidade. Boa leitura!
Os ovários são órgãos em forma de amêndoa localizados na pelve feminina. Em seu interior, abrigam a reserva ovariana, que consiste no conjunto de todos os óvulos. As mulheres nascem com uma quantidade determinada de óvulos, um número que diminui gradualmente com o tempo e com a ovulação.
Durante o ciclo menstrual, os ovários interagem com os hormônios da hipófise e do hipotálamo para realizar a ovulação – liberação de um óvulo maduro a partir de um folículo ovariano – e produzir hormônios. Esse é um processo cíclico, normalmente ocorrendo uma vez a cada 28 dias.
Enquanto um único óvulo é liberado durante a ovulação, muitos outros folículos ovarianos são ativados e utilizados para a produção de hormônio, a cada ciclo menstrual, regredindo após esse processo.
A reserva ovariana é composta por folículos em vários estágios de desenvolvimento e a qualidade e a quantidade desses folículos, e, por conseguinte, dos óvulos que eles contêm, são essenciais para a fertilidade da mulher.
Com o passar dos anos, principalmente devido ao constante consumo de óvulos nas sucessivas ovulações, a reserva ovariana de uma mulher diminui de forma progressiva, particularmente após os 35 anos de idade.
Considerado um processo natural, o esgotamento da reserva ovariana tem seu desfecho na menopausa, um estágio da vida que marca o término dos ciclos menstruais e, consequentemente, o fim da fertilidade natural. A menopausa é um período de transição que ocorre, em média, entre os 45 e 55 anos, mas pode variar de mulher para mulher.
Esse mecanismo é o principal motivo pelo qual mulheres que planejam adiar a maternidade para depois dos 35-40 anos devem estar cientes das opções de preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos, considerando a redução da reserva ovariana com o avançar da idade para tomar decisões informadas sobre sua jornada reprodutiva.
O congelamento de óvulos é uma técnica avançada que oferece às mulheres a oportunidade de preservar sua fertilidade para o futuro.
Primeiramente, a estimulação dos ovários com medicamentos é uma etapa essencial do procedimento. Isso envolve a administração de hormônios que estimulam o desenvolvimento de múltiplos folículos ovarianos, que contêm os óvulos.
Normalmente, uma mulher libera apenas um óvulo durante a ovulação natural, mas por meio da estimulação ovariana, vários óvulos maduros podem ser produzidos em um único ciclo.
Após a estimulação ovariana, quando os óvulos atingem o estágio de maturidade adequado para serem coletados, realiza-se uma punção folicular, em que o especialista utiliza uma agulha fina guiada por ultrassom para extrair os óvulos dos folículos ovarianos.
Uma vez coletados, os óvulos são preparados para o congelamento por vitrificação, uma técnica de congelamento mais avançada, que evita a formação de cristais de gelo nas células, com potencial para danificar as estruturas celulares e comprometer a viabilidade dos óvulos durante o descongelamento.
Os óvulos vitrificados podem ser mantidos armazenados por muitos anos, o que significa que uma mulher pode optar por engravidar mais tarde, quando estiver pronta, mesmo que sua reserva ovariana tenha diminuído devido à idade.
A qualidade dos óvulos no momento do congelamento é preservada, proporcionando uma opção valiosa para futuras tentativas de gravidez.
Para utilizar os óvulos congelados, a mulher pode recorrer à FIV (fertilização in vitro), em que os óvulos vitrificados são descongelados e fertilizados com o esperma do parceiro ou de um doador, em laboratório.
Assim como nos tratamentos com gametas frescos, após a fertilização, os embriões resultantes são cultivados e, em seguida, um ou mais são selecionados para serem transferidos para o útero da mulher.
A preservação da fertilidade por meio do congelamento de óvulos pode ser uma opção valiosa em várias situações.
Como mencionamos anteriormente, a qualidade e quantidade dos óvulos diminuem com a idade, tornando a preservação da fertilidade uma ferramenta valiosa para que você adie a maternidade com a tranquilidade de que seus óvulos mantiveram sua qualidade durante o processo.
Algumas condições médicas, como o câncer, exigem tratamentos como quimioterapia ou radioterapia, que podem afetar irreversivelmente a fertilidade. O congelamento de óvulos – e de sêmen, no caso dos homens –, antes do tratamento, mantém a esperança de ter filhos no futuro, após a superação da doença.
Além disso, devido principalmente a razões genéticas, para algumas mulheres, a reserva ovariana é naturalmente baixa, o que significa que a quantidade e a qualidade dos óvulos são limitadas desde cedo.
Nesses casos, o congelamento de óvulos é uma medida proativa para garantir uma opção de gravidez futura já que, mesmo em idades mais jovens, as chances de concepção podem ser prejudicadas devido à diminuição da reserva ovariana.
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