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No funcionamento do sistema reprodutivo feminino, o ciclo menstrual e a fertilidade estão intrinsecamente interligados e essa relação é evidente, principalmente, porque a ovulação – que é o momento mais fértil do ciclo – está diretamente relacionada à possibilidade de concepção.
Além da ovulação, o ciclo também prepara o corpo da mulher para receber um embrião, alterando a dinâmica celular do útero e dos hormônios.
Por isso, compreender o ciclo menstrual é valioso para casais que estão tentando engravidar, pois podem identificar os dias mais propícios para relações sexuais visando a gravidez, mas também para mulheres que desejam evitar a gravidez.
Continue conosco e entenda melhor como é a relação entre o ciclo menstrual e a fertilidade da mulher.
Antes de falarmos do ciclo menstrual propriamente dito, vamos compreender como se formam, dois dos personagens principais desses eventos: os folículos ovarianos e os óvulos contidos unitariamente em seu interior – que também chamamos reserva ovariana.
A formação da reserva ovariana acontece totalmente no período de desenvolvimento embrionário, antes do nascimento da mulher. Nessa fase, algumas células migram para a região em que estarão os ovários e passam por um processo de multiplicação e diferenciação, formando os folículos ovarianos e os óvulos.
Cada folículo é formado por muitas células, semelhante a um saco, que envolve um óvulo estacionado em um estágio específico de maturação. Enquanto as células do folículo têm receptores para hormônios da hipófise e podem produzir hormônios sexuais, a célula do óvulo é única e serve somente para a fecundação.
A reserva ovariana, portanto, é o número total de óvulos presentes nos ovários desde o nascimento até a menopausa, disponíveis para ter filhos ao longo de toda a vida reprodutiva da mulher.
Com a chegada da puberdade, ocorrem transformações significativas no sistema reprodutivo feminino, especialmente o aumento da produção de hormônios, como FSH (hormônio folículo-estimulante), LH (hormônio luteinizante) e estrogênio, além de mudanças físicas, como o surgimento das mamas.
O início dos ciclos menstruais marca a puberdade e regularmente passam a consumir mais rapidamente a reserva ovariana, ocorrendo periodicamente, nas fases folicular, ovulatória e lútea.
A fase folicular é a primeira etapa do ciclo menstrual, iniciando no primeiro dia da menstruação e estendendo-se até a ovulação.
Durante essa fase, vários folículos ovarianos são recrutados para amadurecer e passam a interagir com o FSH e o LH, produzindo estrogênio. Destes folículos, no entanto, apenas um se torna dominante e participa da ovulação.
Enquanto os folículos interagem com os hormônios hipofisários, o aumento nos níveis de estrogênio prepara o revestimento do útero (endométrio), estimulando a multiplicação celular e tornando-o mais espesso.
Esse processo é parte do preparo endometrial que favorece a possível implantação de um óvulo fertilizado.
A ovulação ocorre aproximadamente no meio do ciclo, quando o folículo dominante se rompe e libera o óvulo maduro em direção ao interior da tuba uterina. O óvulo é captado pelas fímbrias, pequenas invaginações da parede tubária, semelhantes a dedos, e encaminhado para o meio da tuba.
Aí, o óvulo permanece vivo e pronto para ser fecundado por aproximadamente 36h, um período determinante para o período fértil – quando as chances de engravidar naturalmente são maiores.
A fase lútea inicia imediatamente após a ovulação e se estende até o início da próxima menstruação.
Durante esta fase, as células do folículo, que liberou o óvulo, transformam-se em uma estrutura chamada corpo lúteo, responsável pela produção de progesterona, em interação com o LH hipofisário.
Com um papel complementar ao desempenhado pelo estrogênio na fase folicular, a progesterona controla a multiplicação celular do estrogênio e estratifica as novas camadas de endométrio, tornando realmente apto a receber um possível embrião.
A progesterona também inibe a produção dos hormônios hipofisários, evitando que novas ovulações ocorram nesse período.
Se a fertilização não ocorrer, o corpo lúteo regride, levando à queda nos níveis hormonais e à descamação do endométrio, que resulta na menstruação – e no início de mais uma fase folicular.
A saúde do ciclo menstrual desempenha um papel crucial na fertilidade feminina, mas diversos distúrbios podem impactar negativamente essa harmonia, tornando-se desafios para a concepção.
A idade é um fator naturalmente marcante na vida reprodutiva da mulher, já que, com a diminuição da reserva ovariana, consumida pelos ciclos menstruais, as chances de engravidar também diminuem – até que chegam ao fim com a menopausa. O fim dos ciclos menstruais é o principal sinal da infertilidade permanente estabelecida pela menopausa.
A SOP (síndrome dos ovários policísticos) é um dos mais frequentes distúrbios que podem afetar o ciclo menstrual e, assim, a fertilidade. Caracterizada por desequilíbrios hormonais, a SOP pode levar à formação de cistos nos ovários, irregularidades menstruais, anovulação e dificuldades para engravidar.
Outra doença muitas vezes associada à infertilidade e alterações nos ciclos menstruais é a endometriose ovariana, uma condição na qual um tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o útero, cresce nos ovários – formando cistos (endometriomas).
Essa condição pode causar dor intensa, além de impactar a fertilidade provocando oligovulação e anovulação. Além disso, a inflamação associada à endometriose pode afetar negativamente a qualidade da reserva ovariana, aumentando risco de infertilidade permanente.
Considerando que cada uma das condições apresentadas acarreta obstáculos específicos à concepção, e as técnicas de reprodução assistida são indicadas sempre de forma a serem adaptadas a essas circunstâncias.
No caso da menopausa, a opção de FIV (fertilização in vitro) pode ser explorada, permitindo que a mulher utilize óvulos doados ou seus próprios óvulos, previamente coletados e preservados.
Já para as mulheres com SOP e endometriose ovariana, as técnicas de reprodução assistida podem incluir a estimulação ovariana da RSP (relação sexual programada) e da IA (inseminação artificial), visando induzir a ovulação. Nos casos mais graves, a FIV também pode ser uma opção eficaz.
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