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Hidrossalpinge: saiba tudo sobre a doença

Qual é a importância da anamnese na reprodução assistida para avaliar o histórico de saúde da família?

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A palavra “anamnese” vem do grego (ana, trazer de volta; mnesis, memória) e representa normalmente a primeira etapa de qualquer atendimento médico. Um dos principais objetivos é justamente trazer para o presente os fatos passados, relacionados à saúde e à doença, permitindo constituir a história clínica de forma abrangente.

Além disso, por representar o primeiro contato com o médico, a anamnese é importante também no fortalecimento do vínculo entre a equipe de saúde e a paciente.

No contexto da reprodução assistida, a anamnese permite que o médico possa direcionar os primeiros exames, os exames mais específicos e, em alguns casos, já o tratamento.

Neste texto, abordaremos a anamnese como ponto de partida na jornada de investigação diagnóstica da infertilidade e para a indicação das técnicas de reprodução assistida.

Por que é fundamental conhecer o histórico de saúde da família?

Como comentamos inicialmente, um dos objetivos primordiais da anamnese é, de fato, resgatar eventos pretéritos relacionados à saúde e à doença, visando a construção de uma história clínica abrangente.

No entanto, ao representar o ponto inicial do contato entre o paciente e o profissional de saúde, a anamnese transcende sua função meramente informativa e se revela como um elemento-chave no fortalecimento do vínculo entre a equipe médica e o paciente.

No contexto da reprodução assistida, a anamnese avalia questões que parecem superficiais, mas que na realidade revelam muito sobre as possibilidades de tratamento, sendo também determinante para a escolha das técnicas a serem indicadas.

Vamos conhecer um pouco sobre o que pode ser revelado na anamnese do casal com dificuldades para engravidar.

Antecedentes obstétricos

A presença de gestações bem-sucedidas pode indicar uma capacidade funcional do sistema reprodutivo, enquanto a ausência delas pode sugerir possíveis desafios.

Cada gestação anterior traz consigo informações valiosas sobre a saúde materna, o curso da gravidez e o resultado do parto, ajudando a identificar padrões e fatores que possam influenciar as futuras tentativas de concepção.

O aborto de repetição é também abordado quando se fala em antecedentes obstétricos, já que essas ocorrências podem indicar a presença de condições médicas subjacentes que podem afetar a habilidade da mulher de manter uma gestação.

Antecedentes cirúrgicos

No caso das mulheres, é importante averiguar as cirurgias anteriores, especialmente uterinas, como miomectomia (retirada de miomas) e polipectomia (retirada de pólipos), que podem influenciar diretamente a anatomia e função uterinas, especialmente pela possível relação entre cirurgias uterinas e a adenomiose.

A adenomiose é caracterizada pela invasão da camada muscular do útero por tecido endometrial e pode ser desencadeada por lesões derivadas de intervenções cirúrgicas, provocando inflamações que prejudicam as chances de fixação do embrião no útero.

E, claro, aborda-se também as intervenções relacionadas à contracepção, como a vasectomia e a laqueadura, bem como as possíveis tentativas de reversões. Isso porque, mesmo após as tentativas de reversão, a fertilidade pode não ser restaurada, especialmente se essas intervenções já foram feitas há muito tempo.

ISTs (infecções sexualmente transmissíveis)

Além das dificuldades de concepção para casais com ISTs ativas, é importante trazer à tona também outros eventos desse tipo, mesmo que os tratamentos tenham sido feitos e concluídos.

As infecções por clamídia e gonorreia, por exemplo, podem deixar cicatrizes nos locais afetados, formando tecidos que bloqueiam ductos importantes, tanto para a fertilidade feminina quanto para a masculina.

No contexto masculino, as ISTs podem causar danos aos dutos que transportam o esperma, resultando em obstruções que impedem a formação adequada do sêmen e resulta em um quadro de azoospermia obstrutiva.

No caso das mulheres, essas infecções podem levar à DIP (doença inflamatória pélvica) e à formação de cicatrizes nas tubas uterinas, obstruindo esses ductos e impedindo sua função: sediar a fecundação e transportar o embrião para o útero. Além da infertilidade, o bloqueio das tubas também favorece gestações ectópicas, que trazem risco de morte para a mulher.

Doenças genéticas

Um aspecto a ser investigado é a ocorrência de infertilidade em outros membros da família. Identificar padrões familiares de dificuldades reprodutivas pode fornecer pistas valiosas sobre possíveis influências genéticas na fertilidade do casal.

Nesse sentido, algumas formas de azoospermia não obstrutiva podem ter origem genética, bem como quadros de menopausa precoce – já que algumas condições genéticas podem acelerar o declínio da reserva ovariana, levando à menopausa bem antes do esperado.

Algumas condições associadas a esses quadros genéticos são a síndrome de Turner – que afeta mulheres e está associada à ausência total ou parcial de um dos cromossomos X – e a síndrome de Klinefelter – que afeta homens e é caracterizada por uma cópia extra do cromossomo X.

A anamnese é decisiva na reprodução assistida

Embora a medicina reprodutiva tenha avançado muito, as técnicas podem não ser indicadas em alguns casos por motivos que podem vir à tona já na anamnese.

A RSP (relação sexual programada) – que visa otimizar a ovulação e estabelecer o momento ideal para as relações sexuais, aumentando as chances de fertilização – não é indicada para casos de infertilidade masculina, uma vez que não há qualquer processo de seleção dos espermatozoides, e para situações de obstrução tubária, já que a técnica depende da fecundação nas tubas uterinas.

Outra técnica de reprodução assistida importante, porém com suas limitações, é a IA (inseminação artificial), em que o sêmen é coletado e processado, mas inseminado no útero, durante o período fértil – dependendo também da fecundação nas tubas. Ainda que inclua casos de infertilidade masculina, diferentemente da RSP, a IA não pode ser indicada para mulheres com obstrução tubária.

De todas as técnicas, no entanto, a FIV (fertilização in vitro) é a mais avançada, justamente por envolver a fertilização fora do corpo da mulher e a transferência de embriões para o útero. Ainda que a FIV seja bastante abrangente, problemas uterinos podem demandar atenção especial, já que após a transferência embrionária as opções para melhorar as chances de sucesso tornam-se limitadas.

Quer saber mais sobre a FIV? Então toque neste link e leia nosso conteúdo completo!

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