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Embora a prolactina seja comumente associada à produção de leite materno, seu papel na fertilidade feminina vai muito além disso. Quando os níveis de prolactina estão desequilibrados, podem ocorrer interferências na ovulação e na produção de outros hormônios essenciais para a fertilidade.
A hiperprolactinemia, condição caracterizada pelo aumento dos níveis de prolactina, pode resultar em irregularidades no ciclo menstrual, como ciclos mais curtos ou mais longos, amenorreia (ausência de menstruação) e dificuldades para engravidar.
Neste artigo, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre a prolactina e sua relação com a fertilidade feminina.
Continue lendo para entender melhor o que é a prolactina, seu papel na fertilidade e na amamentação e as saídas oferecidas pela reprodução assistida para os casos de infertilidade decorrentes de alterações neste hormônio.
No período final da gravidez e durante a amamentação, a produção de prolactina é regulada principalmente pela dopamina, que funciona como um PIF (fator inibidor da prolactina), secretada pelo hipotálamo.
A dopamina, neste caso, estimula a hipófise a liberar prolactina na corrente sanguínea, para que as glândulas mamárias sejam preparadas para a produção de leite.
Após o parto, ocorre um aumento significativo nos níveis de prolactina, que somada à estimulação sensorial dos mamilos durante a amamentação, permite a produção de leite. Quando o bebê suga o seio materno durante a amamentação, vários estímulos nervosos são transmitidos ao hipotálamo, que por sua vez estimula a liberação de ocitocina, que atua na liberação do leite e na regulação da prolactina.
A sucção do bebê e a liberação de ocitocina também inibem a liberação de prolactina, mantendo os níveis de prolactina durante o puerpério.
Durante a gravidez, a prolactina desempenha um papel fundamental na preparação do corpo da mulher para a amamentação, mas também atua como uma espécie de mecanismo natural de contracepção.
Uma das principais funções da prolactina durante a gravidez é estimular o crescimento das glândulas mamárias, preparando-as para a produção de leite materno. Sob a influência da prolactina, as células mamárias se multiplicam e se desenvolvem para garantir uma produção adequada de leite após o parto.
Além disso, a prolactina também exerce um efeito inibitório sobre o hipotálamo e a hipófise, interferindo na liberação de outros hormônios envolvidos na regulação do ciclo menstrual, como as gonadotrofinas LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio folículo-estimulante), responsáveis pela ovulação e pela maturação dos folículos ovarianos.
Essa queda nos níveis de LH e FSH, como resultado do aumento da prolactina, inibe a ovulação durante a gravidez – ou seja, faz com que a mulher geralmente não ovule, para que não ocorra a liberação de novos óvulos após a fecundação.
Essa é uma medida importante do organismo para evitar uma nova gravidez durante a gestação, permitindo que o corpo se concentre na nutrição e no desenvolvimento do feto em curso.
No entanto, é essencial destacar que a eficácia contraceptiva da lactação como método anticoncepcional exclusivo depende de muitas condições e por isso é desaconselhado utilizá-la dessa forma, sem acompanhamento médico.
A hiperprolactinemia é uma condição caracterizada por níveis elevados de prolactina no sangue, semelhantes aos quadros naturais da gravidez e da lactação, mas fora desses períodos. Essa condição pode ser causada por diferentes fatores.
A prolactina elevada pode causar uma série de alterações no corpo da mulher, cujos sintomas podem variar em intensidade e frequência, incluindo quadros assintomáticos, em que as mulheres não apresentam sintomas visíveis.
Os sintomas mais comuns do aumento da prolactina incluem:
É importante ressaltar que os sintomas da hiperprolactinemia podem variar de pessoa para pessoa e por isso o diagnóstico preciso requer avaliação médica, incluindo exames de sangue para medir os níveis de prolactina.
Quando o aumento nos níveis de prolactina é anormal e afeta a função ovariana e interfere na ovulação, pode ser necessário recorrer a técnicas de reprodução assistida para alcançar a gravidez desejada, já que os tratamentos medicamentosos para regulação da produção de prolactina são, em geral, contraceptivos.
A infertilidade feminina por anovulação – como no caso da alteração na prolactina – pode receber indicação para as três técnicas de reprodução assistida disponíveis atualmente: RSP (relação sexual programada), IA (inseminação artificial) e FIV (fertilização in vitro).
A escolha desses métodos depende das circunstâncias específicas de cada mulher, mas em geral todos contam com uma etapa inicial de estimulação ovariana e a indução da ovulação por meio de medicamentos.
Uma vez que o acompanhamento ultrassonográfico da estimulação ovariana mostrar que os óvulos estão sendo produzidos, a continuidade do tratamento vai depender da técnica de reprodução assistida indicada, considerando as especificidades de cada caso.
Além disso, a doação de óvulos pode ser uma opção para mulheres que têm hiperprolactinemia e não produzem óvulos viáveis. Nesses casos, óvulos doados por uma doadora são fertilizados com o esperma do parceiro e os embriões resultantes são transferidos para o útero da mulher.
A reprodução assistida oferece esperança e oportunidades para mulheres com infertilidade em diversas situações. Conheça melhor os quadros possíveis de infertilidade feminina tocando neste link.
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