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A infertilidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença que impede um casal em idade reprodutiva de conseguir uma gestação, mesmo após 12 meses de tentativas sem o uso de qualquer tipo de método contraceptivo.
Acredita-se que boa parte da população mundial encontrou ou encontrará problemas relacionados à infertilidade conjugal, dos quais aproximadamente 30% são devidos a fatores relacionados à função reprodutiva feminina e 30% a fatores masculinos.
Em 20% dos casos a infertilidade é causada por fatores femininos e masculinos simultâneos e, ainda, existem situações em que é impossível determinar as causas exatas da infertilidade, que correspondem a cerca de 20% dos casos e são chamadas ISCA (infertilidade sem causa aparente).
Nesse sentido, é importante lembrar que os avanços conseguidos pela medicina reprodutiva nas últimas décadas permitiram a criação de técnicas de reprodução assistida, reconhecidamente bem-sucedidas, como a FIV (fertilização in vitro), a IA (inseminação artificial) e a RSP (relação sexual programada).
A RSP, também chamada coito programado, é considerada uma técnica de baixa complexidade e consiste em estimar o período fértil para saber quando manter relações sexuais com maiores chances engravidar.
Este texto apresenta o que é a relação sexual programada, também conhecida como coito programado, suas indicações e taxas de sucesso.
Aproveite a leitura!
Embora hoje este seja um termo considerado sinônimo de RSP, o coito programado tem origem em uma antiga forma de favorecer a gestação: acompanhar o ciclo menstrual, observando parâmetros associados à ovulação – como aspecto, cor e viscosidade do muco cervical e a temperatura do canal vaginal – para determinar qual é o melhor período para engravidar.
Atualmente, no entanto, sabe-se que nem todos os antigos fatores analisados pelas mulheres que praticavam o coito programado eram indicadores precisos do período fértil, já que o comportamento do sistema reprodutor varia de mulher para mulher.
Com os avanços da medicina reprodutiva, o coito programado atualmente pode ser feito com o auxílio da estimulação ovariana e da indução da ovulação, terapêuticas medicamentosas que permitem um controle maior da ovulação, enquanto o acompanhamento mais preciso do amadurecimento folicular e da ovulação, que é feito com ultrassonografia transvaginal, melhora a precisão na determinação do período fértil.
Esse conjunto de procedimentos compõe o que chamamos RSP ou relação sexual programada.
Todos os procedimentos realizados para conseguir engravidar com auxílio da RSP ou coito programado podem ser divididos em três etapas distintas, ainda que interdependentes: a estimulação ovariana, a indução da ovulação e as tentativas de engravidar.
A estimulação ovariana é feita no início do ciclo menstrual, com a administração de doses orais ou injetáveis dos hormônios FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante), cujo objetivo é levar no máximo 3 folículos a alcançar os estágios mais avançados de crescimento.
Esse processo deve ser acompanhado por exames de ultrassonografia transvaginal, que mostram o desenvolvimento folicular com detalhes e determinam o momento em que a indução da ovulação deve ser feita – no auge do amadurecimento folicular.
A indução da ovulação é realizada então com a administração de uma dose única de hCG (gonadotrofina coriônica humana), que provoca o rompimento do folículo e a liberação do óvulo para as tubas uterinas, onde a fecundação normalmente ocorre.
Após a liberação do óvulo pela ação do hCG, o período de aproximadamente 36h é considerado o mais fértil de todo o ciclo. Nesse período, o casal é aconselhado a manter relações sexuais, com maiores chances de resultar em gestação.
Aproximadamente 20 dias depois, a mulher pode realizar um exame de gravidez e, com a confirmação da gestação, dar início ao pré-natal.
A RSP é indicada para os casos de ISCA e infertilidade feminina decorrente principalmente distúrbios ovulatórios leves – SOP (síndrome dos ovários policísticos) e endometriose ovariana, ambas em estágios iniciais.
Aos casos mais severos de infertilidade feminina e quando a infertilidade conjugal se deve a fatores masculinos, outras técnicas de reprodução assistida, como a FIV e a IA, são mais indicadas.
Da mesma maneira, o coito programado também não é indicado para as mulheres com mais de 37 anos, já que a proximidade com a menopausa costuma afetar a reserva ovariana, e quando existem fatores de infertilidade feminina associados à obstrução das tubas e falhas na receptividade endometrial – que diminuem as chances de sucesso do tratamento.
As chances de engravidar utilizando a RSP ou coito programado dependem da integridade de diversos aspectos da função reprodutiva masculina e feminina – justamente envolvidas no processo de escolha da técnica mais adequada para cada caso. Embora seja o coito programado seja considerado uma técnica simples e acessível, é importante ressaltar que ela tem indicações limitadas em comparação a outras opções disponíveis.
As taxas médias de gestação obtidas por meio da RSP são semelhantes às da IA e variam entre 15% e 20% por ciclo de tratamento. Essas taxas refletem as possibilidades de sucesso alcançadas pelos casais que seguem o cronograma de relações sexuais durante o período fértil da mulher de forma cuidadosa.
É importante que casais que enfrentam dificuldades para engravidar procurem especialistas em fertilidade, que poderão avaliar a situação de forma profunda e individualizada, indicando o melhor tratamento para cada caso.
Para saber mais sobre a RSP ou coito programado acesse o link.
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