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A relação entre infertilidade e idade é muito conhecida pela maior parte das pessoas, especialmente entre as mulheres, porém os motivos pelos quais a capacidade reprodutiva decai com o passar do tempo não são tão conhecidos assim.
A fertilidade nas mulheres tem início na puberdade e termina quando a mulher alcança a menopausa, porém desde a gestação já estão prontas todas as células primordiais que originam todos os oócitos disponíveis para a mulher.
Essa quantidade de células reprodutivas é finita e vai diminuindo na medida em que os ciclos ovulatórios acontecem, com o recrutamento dos folículos para a ovulação. Assim, a reserva ovariana vai sendo consumida progressivamente, de forma natural, e a capacidade reprodutiva termina com o fim da menopausa por volta da 5ª década de vida.
A reprodução assistida, no entanto, pode oferecer saídas que contornam a diminuição natural da reserva ovariana, como a preservação social da fertilidade, para mulheres que desejam adiar a maternidade, coletando e congelando folículos ovarianos para que a mulher possa engravidar com a FIV (fertilização in vitro) no momento que desejar.
Este texto aborda a relação entre a idade e a infertilidade. Acompanhe e saiba mais sobre esse assunto.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade é caracterizada quando um casal passa pelo menos 12 meses tentando engravidar, sem o uso de nenhum método contraceptivo, sem, contudo, alcançar a gestação.
Os casos de perdas gestacionais sistemáticas, em que a fecundação acontece, porém a gestação não chega até o final, também são incluídos nestes números.
Estima-se que 15% da população mundial apresente problemas para engravidar e, desses, 30% sejam devidos à infertilidade por fator feminino.
Algumas comorbidades do sistema reprodutivo e endócrino podem comprometer a fertilidade feminina, porém a idade da mulher continua sendo o fator mais decisivo para obter uma gestação e um parto seguros.
O sexo cromossômico de um ser humano pode ser identificado logo após a fecundação, quando a união dos pronúcleos do oócito e do espermatozoide promove o pareamento dos cromossomos sexuais e a formação do cariótipo.
Porém, o desenvolvimento do sistema reprodutor em homens e mulheres compartilham um período indiferenciado, que tem fim quando embriões XY passam a produzir o hormônio antimülleriano, o que não ocorre com os embriões XX e a diferenciação sexual tem início.
Nas mulheres, a partir da 20ª semana de gestação o embrião já conta com um número limitado de células reprodutivas primordiais, que, mais tarde, após a puberdade, originam os folículos ovarianos.
A partir de então, esse número de células sempre vai diminuir com o passar do tempo: até o momento do nascimento, uma parcela dessas células sofre atresia e é reabsorvida e, entre o nascimento e a puberdade, outra parcela significativa desses ovócitos primários também é reabsorvida.
A quantidade de células reprodutivas que uma mulher tem em um determinado momento de sua vida é chamada reserva ovariana e representa um potencial primário de fertilidade de uma mulher.
Com a puberdade, essa reserva ovariana vai diminuindo a cada ciclo ovulatório, quando os folículos são recrutados a amadurecer. Muito folículos obedecem ao recrutamento para a ovulação, pela ação das gonadotrofinas, porém apenas um consegue finalizar a maturação e liberar o óvulo em seu interior.
Isso faz com que a diminuição da reserva ovariana aconteça relativamente rápido, fazendo com que as mulheres com mais de 35 anos já possam sentir seus efeitos sobre a fertilidade.
Assim, a idade da mulher é o fator mais decisivo na preservação da fertilidade.
A reserva ovariana também pode ser prejudicada por algumas doenças do sistema reprodutivo e endócrino, especialmente as doenças que têm a anovulação como sintoma recorrente, além dos tratamentos oncológicos, em que a mulher precisa passar pela radioterapia e quimioterapia, que também podem afetar a função reprodutiva.
Atualmente, é comum que mulheres e casais queiram adiar a maternidade por motivos profissionais ou pessoais e desejem ainda assim garantir que conseguirão engravidar mais tarde e seguir a gestação sem maiores intercorrências.
Para esses casos e para as mulheres que precisam se submeter aos tratamentos oncológicos, é possível recorrer à preservação da fertilidade por meio do congelamento prévio de oócitos maduros por vitrificação.
A preservação social da fertilidade só passou a ser possível com o avanço das técnicas de reprodução assistida, mais especificamente relacionadas com a criopreservação dos óvulos, entre as quais a vitrificação é considerada a mais atual.
Isso significa que todas as mulheres que optarem por congelar seus óvulos só poderão obter a gestação mais tarde pela FIV, já que a coleta dos gametas femininos torna obrigatória a fecundação em laboratório.
A reprodução assistida também pode ajudar as mulheres que optaram por adiar a maternidade, porém não congelaram seus óvulos previamente. Quando a reserva ovariana é avaliada como baixa, a estimulação ovariana, uma etapa inicial para todas as técnicas de reprodução assistida, é um dos fatores mais importantes para conseguir a gestação.
Nesses casos, a RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial), que são técnicas de baixa complexidade, podem ser indicadas, assim como a FIV.
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