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As técnicas de reprodução humana assistida se tornaram conhecidas apenas na década de 1970, quando nasceu o primeiro bebê gerado por fertilização in vitro (FIV). Surgiram a partir do avanço dos estudos em genética e possibilitaram a milhares de casais superar a infertilidade. Até então, a infertilidade feminina, por exemplo, era vista como uma grave deformidade biológica.
A doação de óvulos, também chamada ovodoação, é uma das técnicas complementares à FIV e, além de ser uma alternativa importante para a disfunção ovulatória, principal causa de infertilidade nas mulheres, atualmente, as regras que regem a reprodução assistida no Brasil possibilitaram, ao mesmo tempo, o uso por casais homoafetivos masculinos e homens solteiros.
Neste artigo, explico o funcionamento atual da doação de óvulos, indicação e regras para a realização do procedimento, além das taxas de sucesso.
No Brasil, a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada em 2017 – órgão que regulamenta o funcionamento das técnicas de reprodução assistida – determina que a doação de óvulos pode ser feita por mulheres com até 35 anos e boa saúde, de forma anônima e voluntária, sem caráter lucrativo ou comercial.
A resolução anterior, publicada em 2013, permitia o procedimento apenas para os gametas masculinos. A doação de óvulos só era possível a partir da “doação compartilhada”, situação em que ambas as pacientes devem estar inseridas no contexto de reprodução assistida, FIV especificamente.
A seleção dos óvulos doados observa, além da qualidade, a compatibilidade com a receptora. Na FIV, os óvulos doados são fertilizados em laboratório e, posteriormente, os embriões transferidos para o útero. No entanto, segundo as regras atuais, o número de embriões a serem transferidos não pode ser superior a quatro e depende da idade da mulher responsável pela gestação.
Um estudo de 2015, realizado por pesquisadores do Instituto Valenciano de Infertilidade da Universidade de Stanford, sugere que, ao desenvolver-se no útero materno da receptora, o óvulo fecundado receberá a influência de suas características genéticas, modificando o genoma do embrião.
De acordo com a pesquisa, moléculas conhecidas como MicroRNAs (que regulam essa expressão) são secretadas pelo útero e podem alterar a informação genética.
A doação de óvulos pode ocorrer por diferentes motivos:
A falha repetida na implantação (RIF) é determinada quando os embriões de boa qualidade não são implantados após ciclos de tratamento de FIV. Está relacionada a fatores maternos ou causas embrionárias.
Casais homoafetivos masculinos e homens solteiros devem contar também com outra técnica complementar à FIV: o útero de substituição ou cessão temporário do útero, que pode ser cedido por parentes de até quarto grão dos pacientes em tratamento.
Obter uma gestação bem-sucedida a partir da doação de óvulos depende de diversos fatores:
Uma boa parte das mulheres que utilizam óvulos doados conseguem a gravidez. A doação de óvulos está, portanto, entre as principais alternativas reprodução assistida.
O tratamento por ovodoação segue as mesmas etapas da FIV, porém, a mulher receptora não precisa ser submetida à estimulação ovariana, procedimento aplicado apenas à doadora, que pode ser selecionada na própria clínica de reprodução assistida de acordo com as características biológicas do casal.
Após a seleção, o sêmen do parceiro é coletado e os espermatozoides capacitados por técnicas de preparo seminal.
A fecundação, hoje, é realizada por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide) na maioria das clínicas de reprodução assistida. Nesse método, cada espermatozoide é novamente avaliado, em movimento, por um microscópio de alta magnificação e injetado diretamente no citoplasma do óvulo por um micromanipulador de gametas.
Os embriões formados são cultivados por até seis dias em laboratório e transferidos ao útero entre o segundo e terceiro dia, na fase conhecida como D3 ou clivagem ou entre o quinto e sexto dia, no blastocisto.
Após aproximadamente 15 dias já é possível confirmar a gravidez. Se não houver sucesso, entretanto, a transferência pode ser realizada em um ciclo seguinte, uma vez que os embriões que não foram transferidos, são congelados para uso no futuro.
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