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A compreensão da fertilidade e infertilidade deve incluir uma abordagem abrangente para homens e mulheres. A avaliação conjugal é essencial para identificar causas subjacentes e determinar o melhor curso de ação para casais que enfrentam desafios na concepção.
A infertilidade feminina ocorre devido a diversos fatores, como distúrbios hormonais que provocam anovulação e oligovulação.
As opções de tratamento variam, desde a administração de medicamentos para estimular a ovulação até procedimentos mais avançados, como a FIV (fertilização in vitro).
A indicação dos tratamentos, no entanto, depende diretamente do processo diagnóstico – sobre o qual vamos falar neste texto.
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O útero é um órgão muscular e oco, localizado no centro da cavidade pélvica e conectado aos ovários pelas tubas e composto por três camadas principais, cada uma com funções específicas: endométrio, miométrio e perimétrio.
Após a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, o embrião viaja até o útero e se implanta no endométrio e, durante a gravidez, o útero fornece um ambiente protegido e nutritivo para o desenvolvimento do feto, além de auxiliar no trabalho de parto.
Já as tubas uterinas são estruturas tubulares bilaterais, cada uma conectada a um lado do útero. Seu papel na fertilidade é proporcionar um local para a fertilização ocorrer e, posteriormente, transportar o óvulo fertilizado até o útero.
Durante a ovulação, um óvulo é liberado de um dos ovários e é capturado pela tuba uterina, permanecendo em seu interior por 24h a 36h. Se houver espermatozoides presentes na tuba uterina nesse período, a fertilização pode ocorrer.
Os ovários têm papéis vitais na reprodução humana, por promover o controle hormonal da fertilidade e o armazenamento dos óvulos (reserva ovariana). Geralmente, cada mulher possui dois ovários, situados nas extremidades da pelve, conectados ao útero pelas tubas.
A reserva ovariana é a quantidade de óvulos com os quais a mulher pode contar para ter filhos. Por ser totalmente formada antes do nascimento, a reserva ovariana é limitada e diminui ao longo do tempo, sendo consumida pelos sucessivos ciclos menstruais, até a menopausa.
Os ovários também atuam no controle hormonal da fertilidade, interagindo com a hipófise, uma glândula cerebral, por um sistema de feedback hormonal.
Diversas interações hormonais estão envolvidas nesse processo, incluindo o FSH (hormônio folículo-estimulante), que induz o desenvolvimento de folículos durante a fase folicular do ciclo menstrual, e o LH (hormônio luteinizante), que mantém o corpo lúteo, na fase lútea do ciclo.
Sob estímulo desses hormônios, os ovários também produzem estrogênio e progesterona, hormônios essenciais no ciclo menstrual.
O estrogênio é responsável pelo desenvolvimento do revestimento uterino (endométrio) e predomina na fase folicular, enquanto a progesterona é produzida pelo corpo lúteo, cuja origem é o folículo rompido que participou da ovulação, e atua estabilizando o endométrio e tornando-o receptivo ao embrião.
Considerando a função e a importância dos ovários para o processo reprodutivo, compreendemos por que a maioria das doenças ovarianas afetam diretamente a fertilidade da mulher.
Entre as doenças que podem causar anovulação e oligovulação, a SOP (síndrome dos ovários policísticos) é uma das mais recorrentes. Essa síndrome metabólica caracteriza-se por desequilíbrios hormonais que levam ao aumento anormal de andrógenos (hormônios masculinos), afetando os ciclos menstruais e a ovulação, além do potencial para sintomas físicos associados ao hiperandrogenismo.
Outra condição recorrente e que afeta a ovulação é a endometriose ovariana – que ocorre quando os implantes de tecido endometrial ectópico (fora do local de origem) se instalam nos ovários, formando cistos chamados endometriomas. A endometriose ovariana pode causar dor pélvica, desconforto durante o ciclo menstrual e afetar a função normal dos ovários, impactando a fertilidade.
O diagnóstico da infertilidade é um processo amplo que se inicia com a anamnese, uma coleta minuciosa do histórico médico do casal, fornecendo informações sobre o ciclo menstrual, cirurgias passadas, exposição a fatores ambientais e histórico de condições ginecológicas e obstétricas.
Os exames de dosagens hormonais têm importância central nesta avaliação, permitindo a análise do equilíbrio hormonal que impacta diretamente a saúde reprodutiva. A medição de hormônios, como FSH, LH, estradiol e progesterona, ajuda a identificar possíveis irregularidades no ciclo menstrual e disfunções ovarianas, como a SOP.
Outro componente essencial é a histerossalpingografia, um exame de imagem que avalia a anatomia do útero e das tubas uterinas. Esse procedimento utiliza contraste para visualizar possíveis anomalias uterinas e garantir a permeabilidade das tubas uterinas, essencial a fecundação e o transporte adequado do embrião.
A avaliação da reserva ovariana pode ser importante para compreender a quantidade e qualidade dos óvulos disponíveis e é feita com a combinação da dosagem do hormônio antimülleriano (HAM) com a ultrassonografia para contagem amostral de folículos e costuma ser feita até mesmo para a indicação da reprodução assistida.
A RSP (relação sexual programada) é uma estratégia simples de tratamento para casais que enfrentam dificuldades de concepção devido a problemas ovulatórios. Nesse método, a mulher passa pela estimulação ovariana monitorada por exames hormonais e ultrassonografias.
Com base nesses dados, é estabelecido um calendário específico para as relações sexuais, visando aumentar as chances de fertilização durante o período mais fértil do ciclo menstrual. A RSP é indicada quando há uma ovulação irregular, embora seja inadequada para casos de infertilidade masculina.
A IA (inseminação artificial) é um procedimento em que o esperma é preparado em laboratório e introduzido diretamente no útero da mulher, também durante o período fértil monitorado.
Essa técnica é indicada em casos de problemas ovulatórios, mas também baixa contagem de espermatozoides ou quando não há uma causa aparente para a dificuldade de concepção.
Finalmente, a FIV (fertilização in vitro) é uma técnica que envolve a combinação do óvulo e espermatozoide em laboratório, formando embriões que são posteriormente transferidos para o útero – e pode ser indicada em praticamente todos os casos de infertilidade.
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