Aborto de repetição e infertilidade: qual é a relação?

Aborto de repetição é um tema que pode causas preocupação entre as mulheres que estão tentando engravidar. Embora este seja um assunto que gera muitas dúvidas e inseguranças, é importante esclarecer que existem tratamentos e cuidados específicos para quem passa por esse problema.

É compreensível que uma mulher diagnosticada com aborto de repetição sinta-se abalada emocionalmente, mas é importante buscar ajuda médica especializada para entender as causas desse quadro e, assim, poder tomar medidas para preveni-lo.

Neste momento, pode surgir a preocupação com a possibilidade de infertilidade conjugal, já que o aborto de repetição pode ser um indicativo de problemas, que afetam a capacidade de manter uma gestação até o fim.

Se você está buscando informações sobre aborto de repetição e como isso pode estar relacionado à infertilidade conjugal, continue lendo este texto para entender melhor sobre esse tema e quais são as opções de tratamento disponíveis.

O que é infertilidade?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), infertilidade é definida como a incapacidade de um casal conceber após um ano ou mais de relações sexuais regulares sem o uso de métodos contraceptivos. Essa condição afeta muitos casais em idade reprodutiva, em todo o mundo, e pode ser causada por diversos fatores, tanto masculinos quanto femininos.

A infertilidade masculina pode estar relacionada à presença de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), uso de medicamentos que afetam a produção de espermatozoides e problemas hormonais e estruturais. Já a infertilidade feminina pode ter diversas causas, incluindo SOP (síndrome dos ovários policísticos), endometriose, miomas uterinos, obstruções tubárias e também ISTs.

Para as mulheres, a idade também pode ser um fator importante para a infertilidade. A partir dos 35 anos, a qualidade e quantidade da reserva ovariana diminui, o que pode dificultar a concepção e aumentar as chances de aborto.

Outros fatores que podem contribuir para a infertilidade são questões genéticas e um estilo de vida pouco saudável, fatores que podem afetar a fertilidade de homens e mulheres.

Aborto de repetição pode estar associado à infertilidade

De forma geral, o aborto de repetição é a ocorrência de dois ou mais abortos consecutivos antes da 22ª semana de gestação. Essa condição pode trazer prejuízos físicos significativos para a mulher, incluindo sintomas como dor abdominal, sangramento vaginal, cólicas, além de um forte impacto psicológico e emocional.

Os prejuízos emocionais do aborto de repetição são especialmente significativos, já que a mulher pode se sentir incapaz de levar uma gravidez adiante, desenvolvendo sentimentos de culpa, tristeza e frustração. A sensação de perda e de luto pela interrupção da gestação também pode ser muito intensa.

Além disso, o aborto de repetição pode ser considerado uma forma de infertilidade, já que o casal não consegue conceber pela incapacidade de manter a gravidez até o final.

Por isso, é fundamental que o casal que está passando pelo quadro de aborto de repetição seja acolhido e passe por uma avaliação médica cuidadosa e abrangente, para identificar as possíveis causas desse quadro e buscar as opções de tratamento mais adequadas.

Entenda o que pode favorecer o aborto de repetição

Para entender as causas do aborto de repetição, é importante saber que o quadro normalmente está associado a falhas na nidação – processo pelo qual o embrião se fixa na parede do útero, para se desenvolver.

Durante a nidação, o embrião libera enzimas que ajudam a penetrar no endométrio, e depois se adere à parede uterina, onde se desenvolve até o parto. Qualquer alteração nesse processo pode prejudicar a implantação e levar ao aborto.

Por isso, entre as condições que podem favorecer o aborto de repetição, estão principalmente os miomas uterinos, pólipos endometriais e quadros de endometrite.

Os miomas e os pólipos são tumores benignos que crescem na parede uterina, por motivos diferentes, podendo interferir na nidação e na vascularização do endométrio. A endometrite, por sua vez, é uma inflamação do endométrio que pode ser causada por infecções, como ISTs, alterando o ambiente uterino e tornando-o desfavorável para o embrião.

Além dessas condições, fatores genéticos também podem estar envolvidos no aborto de repetição, como as gestações inviáveis, em que o embrião apresenta anomalias cromossômicas incompatíveis com a vida e sempre resultam em aborto. Quando um ou ambos os pais são portadores de doenças cromossômicas, essa situação pode se repetir, configurando um quadro de aborto de repetição.

Finalmente, existem também fatores imunológicos, como quando o sistema imunológico da mulher reconhece o embrião como um agressor e o elimina, que também podem favorecer o aborto de repetição.

Como a reprodução assistida pode ajudar casais com aborto de repetição?

Nos casos em que as causas do aborto de repetição têm tratamentos primários, estes são a primeira opção. Ou seja, se o problema for relacionado a uma condição como miomas uterinos ou pólipos endometriais, é possível realizar um procedimento cirúrgico para removê-los, enquanto os quadros de endometrite podem ser resolvidos com o tratamento antibiótico.

No entanto, se a infertilidade persistir mesmo após os tratamentos primários, a reprodução assistida pode ser uma opção – especialmente a FIV (fertilização in vitro), em que o embrião é formado em laboratório e, em seguida, é transferido para o útero da mulher.

A FIV pode ajudar nos casos de aborto de repetição porque ela oferece a possibilidade de se utilizar o PGT (teste genético pré-implantacional), exame que detecta anormalidades genéticas no embrião antes da transferência para o útero, aumentando as chances de uma gravidez bem-sucedida.

Além disso, na FIV também é possível congelar os embriões para trabalhar melhor o preparo uterino, aumentando as chances de uma implantação bem-sucedida. E, nos casos em que a mulher realmente não pode engravidar ou levar a gravidez a termo, o útero de substituição pode ser considerado nesta técnica.

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