688
A síndrome dos ovários policísticos, ou simplesmente SOP, é uma síndrome metabólica em que alterações na secreção das gonadotrofinas leva a um aumento anormal na concentração de testosterona nas mulheres.
As origens da SOP ainda não estão bem explicadas pela medicina, porém as hipóteses mais aceitas hoje combinam fatores ambientais, ligados ao padrão de qualidade de vida, e uma predisposição genética, indicada por casos prévios na família.
As alterações metabólicas da SOP também oferecem risco para o aparecimento de outras comorbidades metabólicas, entre elas obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares.
Na SOP, a dinâmica das gonadotrofinas e dos hormônios sexuais está alterada e a mulher apresenta um padrão de hipersecreção de LH (hormônio luteinizante) concomitante com a diminuição na secreção de FSH (hormônio folículo-estimulante).
Enquanto o aumento de LH induz as células foliculares a produzir mais testosterona do que o normal, as baixas concentrações de FSH não convertem adequadamente essa testosterona em estrogênios. A ação combinada dessas duas alterações leva a um aumento na concentração geral do hormônio masculino e a uma diminuição drástica nos índices séricos do hormônio feminino.
Isso faz com que a mulher com SOP desenvolva também um quadro de infertilidade por anovulação, que pode ser mais, ou menos, severa de acordo com a intensidade do desequilíbrio hormonal.
A síndrome metabólica típica da SOP leva também à manifestação de sintomas ligados ao hiperandrogenismo e possivelmente à formação de cistos ovarianos, o que dá nome à síndrome.
Este texto aborda a SOP e os principais tratamentos indicados para as mulheres que sofrem com os sintomas derivados dessa síndrome.
Aproveite a leitura!
O aumento da testosterona nas mulheres leva a um quadro de hiperandrogenismo, um dos principais e mais visíveis sintomas da SOP.
Entre as principais manifestações do aumento na testosterona estão hirsutismo (aparecimento de pelos em locais tipicamente masculinos, como o rosto e ao redor dos mamilos), acne e queda acentuada de cabelos.
Já a infertilidade, outro sintoma de destaque, resulta principalmente dos níveis insuficientes de hormônios, o que não permite ao folículo concluir seu processo de amadurecimento, permanecendo, muitas vezes, retido nos ovários na forma de cistos.
A infertilidade costuma ser evidenciada pelas tentativas frustradas de engravidar, mas também pela ausência de menstruação (amenorreia) ou pela diminuição de ciclos menstruais, num panorama mais amplo (oligomenorreia).
A SOP foi descrita inicialmente na década de 1930 pelos médicos Stein e Leventhal e podia ser definida como a associação de amenorreia e a presença de cistos ovarianos nas mulheres em idade fértil.
Após esse evento, muitos debates acerca do que seria necessário para definir essa síndrome foram feitos.
No ano de 2003, aconteceu um dos principais marcos científicos na história dessa síndrome, com a criação dos critérios de Roterdã, que buscaram padronizar o diagnóstico da SOP.
Isso porque os sintomas dessa síndrome podem ser comuns a outras doenças, como a hiperprolactinemia e o hipertireoidismo, e os diagnósticos imprecisos acabavam resultando em tratamentos ineficientes.
Atualmente, esses critérios ainda são utilizados, mas o diagnóstico por exclusão das demais comorbidades que compartilham sintomas com a SOP também é importante.
O tratamento para a SOP deve ser individualizado, direcionado pelos sintomas e sua intensidade, bem como pelos objetivos da mulher em relação à maternidade, especialmente a curto prazo.
Além disso, é provável que outras doenças associadas à SOP devam ser também tratadas paralelamente à SOP, como é o caso da diabetes, resistência à insulina e obesidade.
Nesse sentido, a primeira medida a se tomar inclui certamente as mudanças nos hábitos cotidianos que diminuem a qualidade de vida da mulher. Mudanças na forma como a mulher se alimenta, no tempo que dedica ao descanso e se é possível evitar o tabagismo e o consumo de álcool, principalmente, podem ser bastante relevantes.
Além disso, a prática de exercícios físicos pode ser uma poderosa ferramenta no combate à obesidade, que leva a resultados importantes na SOP. Muitas vezes, só a diminuição do quadro de obesidade pode restaurar os processos ovulatórios e diminuir o risco de diabetes e a resistência à insulina.
O tratamento medicamentoso para SOP é feito especialmente nos casos mais brandos ou quando a mulher não tem interesse em engravidar tão cedo.
Nesse sentido, a medicação mais recorrente são os anticoncepcionais orais combinados, capazes de reverter o desequilíbrio da testosterona pela ação dos progestágenos.
As mulheres cuja sintomatologia é muito severa e que não têm qualquer interesse em ser mães podem ter indicação para ooforectomia. A retirada dos ovários faz cessar completamente os sintomas, especialmente o hiperandrogenismo, porém cria um processo de menopausa precoce nas mulheres que optam por essa via.
Quando as mulheres buscam a medicina reprodutiva para reverter a infertilidade decorrente de SOP, as melhores saídas têm sido relacionadas à reprodução assistida.
Entre as técnicas disponíveis, a RSP (relação sexual programada) e a FIV (fertilização in vitro) são as mais indicadas, especialmente por contarem com uma etapa inicial de estimulação ovariana.
A estimulação ovariana é realizada com medicamentos hormonais, normalmente análogos ao GnRH ou às gonadotrofinas, e tem como objetivo fazer com que o recrutamento e amadurecimentos dos folículos aconteça.
Os objetivos da estimulação da ovulação nessas duas técnicas são diferentes e isso interfere também nas doses hormonais utilizadas em cada caso.
Na RSP, o tratamento hormonal deve fazer com que a mulher simplesmente ovule e o monitoramento com ultrassom transvaginal indica os melhores dias para manter relações sexuais.
Já na FIV, a estimulação ovariana busca fazer com que a mulher tenha uma ovulação mais intensa e produza mais óvulos maduros que o normal, em um mesmo ciclo reprodutivo.
O acompanhamento do processo com ultrassom indica o melhor momento para a coleta desses gametas, e sua fertilização é feita em ambiente laboratorial.
A FIV é a técnica de reprodução assistida cujas taxas de sucesso são as maiores. Atualmente, aproximadamente 70% das mulheres conseguem a gestação com até 3 ciclos de FIV.
Entenda melhor o que é a SOP tocando neste link.
Compartilhe:
Último Post: