22118
Conseguir engravidar não é simples e o início dos processos reprodutivos de uma gestação, como a fecundação, estão entre os mais delicados. Na realidade, durante todo o primeiro trimestre o grau de fragilidade da gestação começa alto e vai diminuindo gradualmente.
A fecundação é um dos marcos importantes no processo de criação de uma nova vida, por ser essencial para a formação do zigoto – como chamamos a primeira célula do desenvolvimento humano.
O local em que a fecundação ocorre também é importante e pode variar entre as gestações conseguidas por vias naturais e aquelas que resultam de tratamentos com a reprodução assistida.
Neste texto vamos mostrar onde a fecundação ocorre e o que acontece com o embrião em seus primeiros dias de existência.
Boa leitura!
Em linhas gerais, a fecundação é um processo que envolve alguns acontecimentos específicos, decorrentes do encontro entre um óvulo e um espermatozoide, e que resulta na formação do zigoto – a primeira célula do desenvolvimento humano, como comentamos anteriormente.
A formação do DNA do futuro bebê é uma das consequências mais importantes da fecundação e só é possível porque as células reprodutivas de homens (espermatozoides) e mulheres (óvulos) contém apenas metade do cariótipo, ou seja, somente um cromossomo de cada par.
Por isso, para que a fecundação aconteça de forma adequada, é importante que a formação das células reprodutivas de homens e mulheres ocorra de forma igualmente adequada, com a divisão normal dos pares de cromossomos que compõem o DNA dos pais.
Quando uma mulher engravida sem o auxílio das técnicas de reprodução assistida, ou seja, mantendo relações sexuais sem o uso de preservativos de barreira e durante o período fértil, a fecundação acontece naturalmente nas tubas uterinas.
As tubas uterinas são estruturas bilaterais, em formato tubular e que conectam cada ovário ao útero, localizado no centro da cavidade pélvica. A cada ciclo menstrual, quando a ovulação acontece, o folículo dominante se rompe e libera um óvulo, pronto para a fecundação, em direção às tubas uterinas.
O período fértil é inclusive marcado pela ovulação, justamente por ser este o único momento do ciclo em que a fecundação pode acontecer.
Com o rompimento do folículo, o óvulo fica vivo de 36h a 48h nas tubas. Considerando o tempo de sobrevivência dos espermatozoides no corpo da mulher, que é de até 72h, podemos considerar que no período entre o 11º e o 16º dias após a menstruação as chances de que a fecundação ocorra por vias naturais são as maiores.
Após a fecundação, o zigoto sofre as primeiras clivagens (divisões celulares), formando as primeiras células do embrião, ainda nas tubas uterinas. Essas estruturas auxiliam o embrião a chegar ao útero nos primeiros 5 a 7 dias após a fecundação.
Ao chegar ao útero, o embrião deve interagir com o endométrio para encontrar o melhor local para fixar-se, realizando a nidação e dando início à gravidez propriamente dita.
Dependendo da técnica de reprodução assistida indicada, a fecundação pode acontecer nas tubas uterinas, mas também fora do corpo da mulher, em laboratório. O local onde espera-se que a fecundação aconteça é determinante para compreender a complexidade de cada técnica de reprodução assistida.
É importante lembrar que, embora cada técnica conte com metodologias próprias, todos os tratamentos começam com a estimulação ovariana e indução da ovulação, procedimentos que otimizam significativamente as chances de sucesso da fecundação.
Na estimulação ovariana a mulher recebe doses diárias de medicação hormonal durante a primeira metade do ciclo menstrual, que é monitorado por sucessivos exames de ultrassonografia pélvica para o acompanhamento dos processos pré-ovulatórios.
A RSP (relação sexual programada) e a IA (inseminação artificial) são consideradas técnicas de baixa complexidade porque em ambas a fecundação deve acontecer nas tubas uterinas.
Na RSP, o monitoramento da estimulação ovariana identifica com mais precisão o período fértil e o casal deve manter relações sexuais nesse período: o único momento em que a fecundação pode acontecer.
Já na IA, esse monitoramento determina o momento em que o sêmen deve ser coletado ou descongelado, dependendo da situação, e inseminado diretamente no útero. Espera-se então que os espermatozoides sigam em direção às tubas e a fecundação aconteça.
A FIV (fertilização in vitro) é a única técnica de reprodução assistida de alta complexidade por ser o único tratamento que permite a fecundação fora do corpo da mulher, ou seja, em laboratório. Para isso, a estimulação ovariana deve ser seguida da coleta de óvulos, por aspiração folicular, que são encaminhados para seleção e fertilização.
As indicações de cada técnica dependem diretamente do método utilizado na fecundação: enquanto RSP e IA são indicadas somente para infertilidade feminina causada por distúrbios ovulatórios, a FIV pode ser indicada para praticamente todos os casos de infertilidade feminina, incluindo a obstrução das tubas.
A coleta e manipulação do sêmen na IA amplia a indicação desta técnica para casos leves de infertilidade masculina (que não podem ser atendidos pela RSP), enquanto a FIV pode ser também indicada para praticamente todos os casos de infertilidade masculina, mesmo os mais graves.
A gestação ectópica – ou seja, que inicia seu desenvolvimento fora do útero – é um evento extremamente arriscado para a mulher. As tubas uterinas são as estruturas com mais chance de receber uma gestação ectópica justamente por ser o local em que a fecundação acontece naturalmente.
Nestes casos, o embrião não consegue sair das tubas e chegar ao útero após a fecundação, realizando a nidação diretamente nas tubas uterinas.
A gestação ectópica invariavelmente resulta na perda do embrião e, se o atendimento médico nesses casos não for imediato, a mulher corre o risco de perder a tuba uterina em que o embrião realizou a nidação, o que diminui seu potencial de fertilidade significativamente.
Leia mais sobre a FIV tocando neste link.
Compartilhe:
Último Post: