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O que é aborto de repetição? O que fazer?

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A gravidez é um marco importante na vida dos casais, mas a fertilidade de homens e mulheres começa bem antes, com a produção e disponibilização dos óvulos e dos espermatozoides. Para as mulheres, especialmente, a fertilidade também depende da capacidade de manter a gestação até o parto.

A complexidade dos processos reprodutivos, nesse sentido, faz com que as chances reais de um casal engravidar por vias naturais seja relativamente baixa, mas algumas alterações podem diminuir ainda mais essas chances e até mesmo impedir a fecundação ou a manutenção da gravidez.

Neste texto vamos falar sobre o que fazer nos casos de aborto de repetição, um quadro de perdas gestacionais sucessivas e precoces, que pode trazer angústia e apreensão ao casal que está tentando engravidar.

Engravidar é um processo complexo

Quando uma mulher engravida de forma natural, o encontro entre óvulo e espermatozoide acontece nas tubas uterinas, poucas horas após a ovulação. Com a fecundação forma-se o zigoto, célula precursora de todas as células, tecidos e órgãos do futuro bebê.

Com a fecundação, o zigoto começa a se dividir em novas células, ainda indiferenciadas, formando o embrião. Inicialmente, o embrião é semelhante a uma amora, com as novas células formando-se aderidas umas às outras, como uma estrutura maciça.

Ao chegar ao interior da cavidade uterina, o embrião passa ao estágio de blastocisto e, pela primeira vez, dois grupos de células se diferenciam: as células embrionárias propriamente ditas e as células que originam estruturas como placenta, cordão umbilical e líquido amniótico.

A primeira tarefa do embrião após a chegada ao útero é buscar o lugar ideal para realizar a nidação, marcando o início da gestação. Para isso, é necessário que exista uma boa interação entre embrião e endométrio – camada mais superficial da cavidade uterina.

Na nidação, o embrião deve romper a zona pelúcida e as células embrionárias infiltram-se no endométrio, fixando o embrião no útero e iniciando a dinâmica hormonal da gravidez.

A fragilidade do primeiro trimestre

As primeiras etapas da gestação são processos complexos e delicados, o que significa que qualquer alteração nessa sequência de acontecimentos, mesmo mínima, pode comprometer a gestação toda.

No entanto, a fragilidade inicial da gravidez não se restringe ao período que antecede a nidação, estendendo-se por pelo menos todo o primeiro trimestre.

Nesse período, acontecem todas as transformações mais fundamentais do desenvolvimento humano – a formação dos primeiros tecidos, órgãos e sistemas do futuro bebê –, paralelamente à formação também gradual de estruturas como a placenta, o líquido amniótico e o cordão umbilical.

Essas estruturas são essenciais para proteger o bebê e mediar a relação entre ele e o corpo da mulher, mas que ainda não estão prontas nesse momento. Por isso o embrião, e consequentemente a gravidez, são naturalmente mais vulneráveis no primeiro trimestre, se compararmos ao restante da gestação.

O que é aborto espontâneo?

A perda gestacional que ocorre até a 22ª semana de gravidez é chamada tecnicamente de aborto espontâneo – um evento delicado, que pode fragilizar o casal, especialmente quando acontece mais de uma vez ao longo das tentativas para engravidar.

Contudo, a própria fragilidade dos primeiros processos da gestação, como comentamos, é um fator de risco natural para o aborto espontâneo, que pode inclusive acontecer porque o embrião é geneticamente inviável, constituindo assim também um mecanismo de proteção contra gestações mais arriscadas.

Ainda assim, de fato alguns problemas de saúde podem favorecer quadros em que o aborto espontâneo acontece com frequência, configurando o que chamamos aborto de repetição.

Entenda o aborto de repetição

O diagnóstico de aborto de repetição pode ser dado ao casal que passa por duas ou mais perdas gestacionais espontâneas e precoces, especialmente se esses eventos acontecem sequencialmente.

O aborto de repetição pode acontecer sem a manifestação de sintomas prévios, mas também associado a doenças e condições conhecidas, como:

Malformações uterinas, incluindo útero septado e didelfo também oferecem mais riscos à gestação, especialmente no primeiro trimestre, por restringir o espaço destinado ao crescimento do embrião.

O que fazer?

Inicialmente é sempre importante investigar os motivos por trás do quadro de aborto de repetição, o que é feito com a realização de uma bateria de exames, tanto no homem como na mulher, para avaliação das funções reprodutivas de ambos.

Com o diagnóstico em mãos, deve-se então avaliar as possibilidades de tratamentos primários, específicos para as doenças e alterações encontradas, caso existam. Dependendo das causas do aborto de repetição, os tratamentos podem ser cirúrgicos ou medicamentosos.

Se os exames não apontam alterações fisiológicas que justifiquem o quadro de aborto de repetição, o casal ainda pode realizar exames genéticos, como o cariótipo, que ajuda a avaliar a possibilidade de as perdas gestacionais serem resultado da formação de embriões geneticamente inviáveis.

A reprodução assistida é uma opção

A FIV (fertilização in vitro) é o tratamento mais indicado para infertilidade por aborto de repetição, principalmente porque a técnica reproduz a fecundação em laboratório, com as células reprodutivas dos pais, obtendo embriões fora do corpo da mulher.

Quando o aborto de repetição é decorrente de problemas genéticos, indica-se a FIV com PGT (teste genético pré-implantacional). Este exame é feito com o sequenciamento genético de uma amostra de células embrionárias e permite selecionar somente embriões geneticamente saudáveis para a transferência embrionária.

Nos casos em que o aborto de repetição se deve a problemas uterinos, a obtenção de embriões em laboratório favorece o congelamento (criopreservação) desses embriões, para que o preparo endometrial seja avaliado e eventualmente auxiliado por tratamentos hormonais, antes da transferência dos embriões para o útero.

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