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Indicada para casais que sofrem com infertilidade, a fertilização in vitro (FIV) é a técnica de Reprodução Assistida (RA) que apresenta as maiores taxas para uma gravidez bem-sucedida.
Nela, a manipulação de ambos os gametas (espermatozoides e óvulos) é efetuada em laboratório, com o propósito de obter embriões de boa qualidade. A FIV tem duas metodologias de fecundação: a clássica e a ICSI, sigla que deriva do inglês intracytoplasmatic sperm injection (injeção intracitoplasmática de espermatozoides).
Por serem procedimentos semelhantes, eles geram dúvidas. Vou esclarecer, neste artigo, as diferenças e indicações de cada um. Acompanhe o texto até o final e saiba, ainda, quais são as taxas de sucesso da FIV.
Na FIV clássica, espermatozoide e óvulo são coletados e colocados juntos em uma placa de cultivo – recipiente cilíndrico, achatado, de vidro ou plástico, utilizado para a cultura de microrganismos. Nela, a fertilização ocorre de forma natural, como se estivesse no interior do útero, ou seja, o espermatozoide deve vencer as barreiras naturais para entrar no óvulo. Depois de fertilizados, os embriões são transferidos para o útero, para que a gravidez se desenvolva naturalmente.
Na FIV por ICSI, a fertilização também ocorre in vitro, ou seja, fora do corpo humano, em laboratório. No entanto, não ocorre de forma espontânea, mas a partir da micromanipulação dos gametas.
Nesse procedimento, um único espermatozoide, previamente selecionado, é injetado dentro do óvulo, com o auxílio de um microscópio e de uma agulha finíssima, para que ocorra a fecundação.
Os espermatozoides são colhidos de uma amostra de sêmen ou por biopsia testicular. São selecionados então os de melhor qualidade, que serão utilizados para a fecundação dos óvulos.
Entre as indicações para a FIV clássica estão:
· Obstrução tubária provocada por diferentes condições;
· Fator idade (mulheres com mais de 35 anos);
· Infertilidade causada por fatores masculinos ou sem causa aparente;
· Quando não há resposta a outros tipos de tratamento de baixa complexidade.
Já a FIV por ICSI é especialmente indicada em casos de infertilidade por fator masculino grave ou quando há uma amostra limitada de espermatozoides, tais como:
· Azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen);
· Oligozoospermia (baixa quantidade de espermatozoides);
· Astenozoospermia (baixa motilidade de espermatozoides);
· Teratozoospermia (alteração na forma dos espermatozoides);
· Anticorpos antiespermatozoides;
· Falhas repetidas na fertilização com FIV (fertilização in vitro clássica);
· Sêmen criopreservado de pacientes que passaram por tratamento de câncer;
· Distúrbios ejaculatórios.
Além disso, é ainda importante para aumentar o número de óvulos fertilizados, independentemente do tipo de infertilidade do casal, principalmente para mulheres acima de 35 anos.
Embora haja estas indicações específicas para cada técnica, a ICSI costuma ser utilizada na maioria dos casos, para evitar o risco de não fecundação pela FIV clássica, diminuindo o número de embriões e, consequentemente, as taxas de gestação.
Por ser a técnica de reprodução assistida que oferece mais chances para uma gravidez bem-sucedida, a FIV é a mais adequada para casais que estão há mais tempo tentando engravidar sem sucesso, inclusive com a ajuda de outros tratamentos, e apresentam fatores de infertilidade mais graves, principalmente quando a mulher tem mais de 35 anos de idade.
Considerada um aprimoramento da FIV clássica, a ICSI oferece um tratamento efetivo para os pacientes com fator masculino grave. Se houver espermatozoides viáveis, mesmo que em baixa concentração ou recuperados por meio de punção testicular/epididimária, é possível aumentar as chances de fecundação, pois nessa técnica o espermatozoide atravessa a camada externa do óvulo e alcança a parte interna, transferindo o genoma masculino diretamente para o citoplasma oocitário.
A FIV por ICSI é indicada para fatores masculinos graves, como a azoospermia, porque com uma quantidade muito pequena de espermatozoides, que pode ser coletada por procedimentos que retiram os gametas diretamente dos testículos ou dos epidídimos, é possível fazer a fertilização.
A idade da mulher é um fator importante para o sucesso da FIV. De acordo com o resultado publicado pela Sociedade Americana para Tecnologias de Reprodução Assistida (SART), com dados preliminares de 2016, que variam de acordo com a idade da mulher, a taxa de sucesso de nascido-vivo por ciclo de FIV iniciado com óvulos próprios é: até 35 anos, 39,8%, de 35 a 37 anos, 29,9%, de 38 a 40 anos, 19,6%, de 41 a 42 anos, 10,4% e acima de 42 anos, 3,1%.
Já a taxa de nascido-vivo por transferência de embrião realizada, também com óvulos próprios é: até 35 anos, 47,6%, de 35 a 37 anos, 34,8%, de 38 a 40, 21,8%, de 41 a 42 anos, 11,2% e acima de 42 anos, 3,3%.
Além disso, de acordo com o último Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), realizado em julho deste ano, de 1978, quando nasceu o primeiro bebê com o auxílio da FIV, até os dias atuais, foram gerados cerca de 8 milhões de bebês no mundo, número que continua em crescimento.
O número, calculado com base em dados coletados de 1991 a 2014, representa um aumento acentuado na utilização da técnica para o tratamento da infertilidade. Estima-se que mais de meio milhão de bebês nasçam a cada ano pela FIV clássica ou por ICSI e que sejam realizados mais de 2 milhões de ciclos de tratamento.
No Brasil, o número de ciclos de FIV também teve crescimento, de acordo com a 11ª publicação do SisEmbrio – Sistema Nacional de Produção de Embriões –, publicada no portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O documento aponta, ainda, que só no ano passado, por exemplo, aumentou de 33.790 para 36.307 o número de ciclos. O percentual de gravidez bem-sucedida para mulheres com até 35 anos é, em média, de 40%.
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