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A formação anatômica e a organização histológica do útero permitem o funcionamento correto desse órgão em relação à menstruação e à gravidez. No entanto, determinadas doenças prejudicam as funções uterinas e podem levar à infertilidade feminina — uma delas é a adenomiose.
Para começar este post, precisamos falar sobre a divisão do útero quanto à sua histologia (biologia tecidual). A parede uterina é formada por 3 tecidos:
Entre o endométrio e o miométrio existe uma linha regular com espessura aproximada de 5 mm que estabelece o limite entre os dois tecidos, é chamada de zona juncional mioendometrial. O enfraquecimento dessa zona é um dos fatores relacionados ao desenvolvimento da adenomiose.
Leia as informações a seguir e saiba mais sobre adenomiose e infertilidade!
Adenomiose é uma doença inflamatória que se caracteriza pela presença de células do endométrio no miométrio. Como vimos logo no início do post, essas duas camadas uterinas são vizinhas, mas separadas pela zona juncional.
A presença do tecido endometrial — que não deveria estar ali no miométrio — ativa as células de defesa do organismo, desencadeando uma inflamação local, que pode manifestar sintomas ou não.
Uma fração significativa das portadoras de adenomiose é assintomática, de modo que a doença é diagnosticada apenas pelos exames de imagem e pela análise do tecido miometrial lesionado (exame anatomopatológico). Entretanto, sintomas semelhantes aos de outras doenças ginecológicas podem surgir, incluindo:
Ainda não se sabe ao certo quais são as causas da adenomiose, mas acredita-se que a ruptura da zona juncional seja facilitada por procedimentos médicos intrauterinos, como parto cesárea e outras cirurgias. A própria gravidez pode ser um fator que leva ao enfraquecimento da zona mioendometrial, permitindo assim a infiltração das células endometriais no miométrio.
Tendo em vista os fatores associados, a adenomiose tem prevalência maior entre as multigestas, isto é, mulheres que já passaram por gestações. Além disso, a doença é mais comum entre os 40 e os 50 anos — embora a incidência tenha aumentado entre as mais jovens.
O tratamento da adenomiose é principalmente cirúrgico. A videolaparoscopia pode ser realizada de forma conservadora, para retirar os focos da doença (adenomiomas), preservando a estrutura uterina. Já a intervenção definitiva é a cirurgia para remoção parcial ou total do útero (histerectomia), mas essa não é uma alternativa indicada para mulheres que ainda querem engravidar.
A terapia com medicamentos hormonais é uma opção para controlar os sintomas, sobretudo o sangramento anormal. Contudo, cada caso é avaliado em sua especificidade para o planejamento terapêutico mais adequado, considerando a gravidade da doença e a intenção de gravidez da paciente.
O conceito de infertilidade diz respeito à dificuldade de confirmar uma gravidez após um ano de tentativas. Para simples entendimento, o casal é considerado infértil quando vem praticando relações sexuais regularmente há pelo menos um ano, sem utilizar nenhum método de contracepção, e não consegue engravidar.
Diante disso, é importante buscar avaliação de um especialista em medicina reprodutiva para realizar os exames necessários e identificar quais são os fatores causais da infertilidade, os quais podem ser masculinos, femininos ou ambos.
A partir da detecção das causas de infertilidade, é possível realizar o tratamento pontual, eliminando ou controlando as doenças de base. As técnicas de reprodução assistida também são eficazes para superar as disfunções reprodutivas.
A relação entre adenomiose e infertilidade ainda é um tanto controversa, mas muitos estudos apontam indícios de que ela exista. Isso porque, assim como outras afecções uterinas — mioma e pólipos, por exemplo —, a adenomiose altera a estrutura do órgão, o que pode prejudicar suas funções.
Alguns fatores sugeridos para explicar a redução da fertilidade em mulheres com adenomiose são os seguintes:
Na reprodução assistida, trabalhamos com diversas técnicas que superam os fatores de infertilidade e aumentam as chances de confirmar uma gravidez. No caso da adenomiose, como se trata de uma condição complexa que envolve o fator uterino, a fertilização in vitro (FIV) é indicada.
A FIV é normalmente associada ao tratamento cirúrgico para retirada dos adenomiomas e redução da inflamação, uma vez que o útero deve estar adequado para receber o embrião e permitir o desenvolvimento da gestação.
Apesar de ser uma doença desafiadora, mulheres com adenomiose e infertilidade têm chances de engravidar com o tratamento correto, planejado com base nas características individuais do casal.
Aproveite para ver mais informações em nosso texto institucional sobre adenomiose!
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